Sirena envolta na rede rota ...
Visto-me com o corpete da noite, dispo-me da saia do dia.
Rebusco o pueril silêncio no deslumbramento de ser apenas
Alma solta. Sirena envolta na rede rota da poesia.
Faço-a segmento de recta, sílaba aberta, talho sagrado,
do sacro altar dos meus delitos, maiores pecados.
Ser fêmea, mulher. E cantar este Fado. Soltar o grito.
Ser, no epicentro duma enxurrada, cavalo alado, cavaleiro,
cruzado, investido na febrilidade da lava da própria Alma.
Unicórnio plasmado no beiral uivado p’lo sopro quente
de um gelito vento norte. Sopro que fala, enfola memória!
É agora latina vela, é tela. Registo, cadastro, averbamento.
Cansada, encerro a utópica magia, esta que canta e chora,
dentro da caixa – a de Pandora.
Rebusco o silêncio e a sua primordial essência e
sempre o encontro nas coisas simples da Natureza.