constatação

na mesa, três gerações:

uma que come, outra

que olha, outra insone.

três tréguas, três rios

que se vêem como

entroncamento dos anos.

encontro de três bocas,

três partes de mim

que não some.

uma olha, outra come,

outra insone.

todas querem a vida

como, sangue, o lobisomem.

E a tarde que se infiltra

na janela, deixa a mesa

mas clara como se essas

três partes não tivessem fome.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 31/03/2013
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