VISÃO NUA CRUA
VISÃO NUA CRUA
Não gosto da visão que o espelho me apresenta,
Mesmo pelado estou com uma maléfica vestimenta.
O velho que me olha assustado não usa mais juventa,
Agora sua alma é ardida como o ardor da pimenta.
Não chão estão caídos e mortos meus sonhos,
A partida da borboleta os deixou tão bisonhos.
Restou apenas um velho oco e tristonho,
Que todos acham ser um jovem risonho.
Não consigo separar o reflexo do real,
Onde a bondade passou a fazer mal?
Sei que ser honesto é sinônimo de idiota,
E riem nas minhas costas por ser patriota.
Não gosto da visão que vejo nos espelhos,
Ela traz uma pessoa com olhos vermelhos,
Que matou o seu anjo com uma atiradeira
E sozinho na estrada vou de minha maneira.
André Zanarella 23-05-2012
Juventa = água milagrosa que se supunha restituísse a juventude a quem dela usasse.