Insônia
Ainda vens na madrugada
sussurar mentiras em meus ouvidos
Me faz ver teu rosto
lembrar teu cheiro
o tato da mão minha
no vestido fino
na pele quente
Mostras teu rosto
tua boca, teu sorriso
e me assanhas
E eu peço, e eu grito
eu rolo, eu imploro:
- Me deixe em paz.
Mas tu me insultas
e me agrides e me arranhas
queres acabar comigo
diz que sou criança
que sou covarde
que fui safado
Ris da minha cara
esbanjas teu sucesso
diz que desceste da árvore
e eu não
Ainda estou lá em cima
plantado
um corpo sem alma
um vaso sem flôr
Tentando viver
tentando alimentar raízes
mas revoltado levanto
e grito e bato e insulto
o vazio do teu silêncio
Se não me levaste contigo
por que não me deixas dormir?