Insônia

Ainda vens na madrugada

sussurar mentiras em meus ouvidos

Me faz ver teu rosto

lembrar teu cheiro

o tato da mão minha

no vestido fino

na pele quente

Mostras teu rosto

tua boca, teu sorriso

e me assanhas

E eu peço, e eu grito

eu rolo, eu imploro:

- Me deixe em paz.

Mas tu me insultas

e me agrides e me arranhas

queres acabar comigo

diz que sou criança

que sou covarde

que fui safado

Ris da minha cara

esbanjas teu sucesso

diz que desceste da árvore

e eu não

Ainda estou lá em cima

plantado

um corpo sem alma

um vaso sem flôr

Tentando viver

tentando alimentar raízes

mas revoltado levanto

e grito e bato e insulto

o vazio do teu silêncio

Se não me levaste contigo

por que não me deixas dormir?

Fernando de Sá
Enviado por Fernando de Sá em 30/03/2013
Código do texto: T4215844
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