Miss Tattoo

Ela tatuou asas nas costas.

Imaginaria ela ser um anjo?

Seria mesmo a criatura um ser de luz?

Voaria ela por aí a nos guardar?

Ou suas asas encobririam um ser que não se pode mostrar?

Ela tem laços tatuados em suas pernas.

Seria ela uma figura embrulhada

Ou para algum incógnito amante terno presente?

E sem os laços se solta e flana livre por aí?

Ou com os mesmos se embaralha e se amarra eternamente?

Ela tem flores por todo o corpo tatuadas.

Seria ela o adorno do entorno do castelo

Que colore e perfuma quem passa por suas estradas?

Ou incorpora astral jardim em pétalas e espinhos

Com os quais disfarça dores presentes e passadas?

Ela traz nos braços e pernas traços tribais.

Compõe assim, pictoricamente, seu traje de guerreira?

Faz assim sua ligação com seus deuses e deusas?

Fortifícasse entre curvas e pontos a ponto de impor-se a quem lhe enfrente?

Ou compõe, a um amado, uma sinfonia que toca, se a toca?

Ela transcreveu na pele as notas que por aí entoa.

Aguarda ela que seu pássaro encantado lhe ouça

E reconheça nela o amor eterno que ainda espera?

Ou quer ser lida feito partitura onde declaração maior inspire

E possa ser solfejos, cantos líricos, hinos de guerra?

Ela pintou, de alto a baixo de seu corpo, um amor dragão

Que vez ou outra se transforma em borboleta.

Será que vai um dia, enfim, ter asas como tanto sonha?

E vai poder assim planar, subir aos céus, ser livre então?

Ou vai fugir daqui em disparada, buscando um mundo que a ela não se oponha?