O Livro
No livro, antes de tudo, tinha a perseguição da dor,
pavor nas tintas das letras, o odor de seca solidão,
No capítulo um, tinha a promessa de um final feliz,
anis no chá tarde, o calor doente da compreensão.
As folhas de papel pardo embrulhavam nas palavras,
travas de um confinamento perverso e doce, sóbrio,
Cada página trazia uma máquina silenciosa de moer,
roer a vida, transformar a carne em pedaços de alma.
No capítulo do meio, tinha uma esperança ou sorriso,
friso preciso de decepção amarela e escassa, um filho,
Cada parágrafo uma luta com o escárnio a corromper,
perverter em fruta ácida, todo o mel e flor a alvorecer.
No livro tinha épocas em senoides bem comportadas,
tinha a definição do sobe e desce da vida, até o final,
no último sinal ortográfico o tráfico do bom e do mau,
o suco da história era a biografia humana no pedestal.