Enfermo Canto de Sereia

O sal, rico, saborosa angústia

vento úmido, quente, rouco

de longe, a ave tudo via

n'outro belo canto louco

sem saber o que fazia

A insanidade controlada

cuidada pela bela Iemanjá

deusa nobre da enseada

caridade que perdurará

musa piedosa e amada

Trame o novo canto de sereia

musa oculta de beleza e luxuria

meia deusa, tanto quanto baleia

na umbra deste mundo se ébria

aguardando quem no mar passeia

Cante sereia a mim, cante

anseio ouvir teu versejar

ao escutar-me não se espante

há muito que poço desejar

quero ouvir-te quanto antes

Choro melodioso d'uma deusa

filha da rainha destas águas

inda peixe, singular musa

que só, desafoga em mágoas

d'um mundo que d'outros abusa

Ouço-te, d'água residente

desabafe teu sofrimento

expresse até estar contente

não importa meu lamento

me palpita um coração valente

Sonegada deusa sobrenatural

que não ousas se manifestar

há quem atreve-se dizer-te mal

mas agora irei-te contar

da doença que habita o natural

Criaturas ambulantes, cansadas

criadores de escravos modernos

vidas notoriamente mal-acabadas

mas jamais largarão seus ternos

pois de crias, fora acorrentadas

Aleph Maia
Enviado por Aleph Maia em 29/03/2013
Código do texto: T4213010
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