O POUSO DA BORBOLETA

Já faz anos que ela não pousa

Já não lembro mais dos seus toques

A cor de suas asas, quais eram?

A borboleta pertence aos puros de coração.

Disseste-me que a pureza não é do corpo

É na alma que ela se encontra

Pois, a minha está suja!

Mas sei que ainda resta algo de bom.

Maldito espelho que me revela

Tais sombrios reflexos

Se ao menos ficassem só no espelho

Se ao menos fossem como “Dorian Gray”

Se minha alma não se revelasse

Em meu triste semblante

Se fosse o retrato sua caixa...

Não! Mas que palavras profano!?

Não desejo ser um dragão

Preso em um belo cisne

Não quero perder o ultimo fio

Que permanece intacto em minh’alma.

Se vós soubésseis, se vós olhásseis

Ao meu retrato escondido na parede

Coberto por todas as capas do mundo

Tu não me guardavas mais.

Há pouco fui tentado pela loucura

E ela é bela, e como é!

Agora que percebo como ela é:

A loucura tem lindos lábios

E caracolados fios amarelos

É sábia e faz a cabeça dos poetas

É curiosa e não dorme nunca.

Confesso que não era para ser assim

Há pecado que não é pra ser cometido!

Lágrimas que ainda irão cair

Nunca deveriam cair

Mas, não sou eu, acredite em mim

É a fraqueza! Sim, eu sou fraco!

O forte é fraco, assim como o feio é belo!

Irei fechar meus olhos agora

E lembrar de quando ela pousava

Como eram lindas suas asas!

Sonho com o dia que ela pousará novamente.