SAUDADES DA IGNORÂNCIA
Uma nova passagem se abre
Você apura o olhar
O feixe branco de luz se espalha
Revelando as imperfeições
Vai clareando as ideias turvas
E descartando as concepções
Alegria, generosidade, altruísmo...
Cai tudo por terra
Conscientes ficamos
É um novo mundo
Sombrio e perigoso
No qual vence o mais ardiloso
Nada de cortesia
Nada de espaço
Em meio ao caos se esquiva o virtuoso
Que saudades da ignorância!
Cobrindo com mesmero os sorrateiros
Por tantas vezes parecendo ordeiros
Enquanto em segredo confabulavam
O espaço é denso
Cheio de desconfiança e cautela
Avança a nuvem de poeira
Sobrepondo a forma singela
Dos amigos resolutos
Dos risos à toa
Da confiança em tudo
Não seria melhor cair no sono
Por que melhor estava
Agarrando a dimensão
Onde a simetria imperava?
Em um plano de plástico
Volátil
Adaptável aos medos
Fazedor de vontades
Sempre sem desespero?
Nisso não creio
Curando vazio com analgésicos
Estive sem sono, sem sorriso
Mas me restou a verdade
E fora isso, de nada mais preciso.