Não dormirei esta noite
Fico feliz quando me embriago,
feliz e confuso, em geral.
Hoje, me embriago com os versos dela.
Com letras e sentimentos arranjados,
como pinceladas sutis numa tela,
Tons de cinza, sobre um fundo amarelado.
Ela pinta um quadro que de certa forma,
eu já tinha imaginado,
mas nunca, saboreado em verso e prosa.
É doce, lê-la.
É doce poder fazer isso, é doce compartilhar de sua presença,
sua presença meramente textual,
e ainda assim, sensual.
É doce fugir, de mãos dadas com ela, da minha realidade tão batida.
Mas a realidade me chama,
a dor, me chama.
Meu rim esquerdo se contorce, provavelmente cheio de pedras,
e me faz abrir os olhos.
Não deixo de contemplar o contraste e a profundidade das sensações.
O contraste do irreal, agradável e distante,
com a dor física, real e crua, tão presente...
Não dormirei esta noite.