Acorde

Você entra no meu quarto, voltando do banheiro.

Nua, mas mal vejo a silhueta do seu corpo.

um facho de lua cheia que entra pela janela e o brilho da ponta do teu cigarro são as únicas fontes de luz no ambiente.

Melhor assim.

Você anda e se senta numa cadeira no meio do quarto,

ouço sua respiração, ainda pesada.

Você me observa, eu sei.

Sinto o peso do teu olhar, como sentira minutos atrás o peso do seu corpo sobre o meu.

Esvazio uma garrafa de cerveja...

Você não diz uma palavra.

Nenhuma.

Você vem até mim,

Toca meus lábios com os dedos,

finalmente vejo seus olhos.

duas pedras escuras...

“Acorde”

“Acorde” você disse...

Acordei de susto...

Com coração disparado, saindo pela boca.

Cochilara sentado no sofá da sala...

o livro que eu lia jazia no chão.

Eu estava sozinho e acordado as três da manhã.

Meu sono fugira.

Caminhei de volta para o quarto.

Suspirando.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 28/03/2013
Reeditado em 10/07/2013
Código do texto: T4211293
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