O TEMPLO DO TEMPO

Dia após dia em arritmia
Eu contemplo o vazio das horas.
E de como elas vão embora
Nessa peculiar divagação
Eu me vejo velho e novo
Eu descubro que sou sábio e tolo
Eu revejo o passado e me descubro sem futuro
Eu bebo o puro e o impuro entre murros
E nesse interim sem aparente intercessão
Todos os dias eu ensino e aprendo
Todos os dias eu desaprendo e reaprendo
Todos os dias eu me sujo de pó e feno
Todos os dias eu reverencio e ofendo
E a todo instante aceno para mim
Por andar no reverso do impreciso fim
Diariamente eu entro ileso no templo do tempo
E enquanto ele sorri, eu vou entristecendo.


Zarondy, Zaymond. Verbos, verbetes, verborragias. São Paulo: Grupo Editorial Beco dos Poetas & Escritores Ltda., 2017.
Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 27/03/2013
Reeditado em 04/04/2017
Código do texto: T4211081
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