Os gemidos no sertão
Os gemidos no sertão
Cachoeira emudecida
Escassa a vegetação
Os rios sem correnteza
Ouve-se da mãe natureza
Os gemidos no Sertão.
A criação de bovinos
Espalhadas pelo chão
Morrendo de um a um
Vem se tornando comum
Essas coisas no Sertão.
Falta o repente, a viola
Temas, motes e canção
Falta chuva pra colheita
As lágrimas no rosto deita
É grande a desolação.
O homem do campo sofre
Com a enxada na mão
Vendo a poeira cobrindo
Ele na pele sentindo
Faltar na mesa o seu pão.
Os sapos não cantam mais
Nas lagoas do sertão
Mandacaru já não flora
Mas, o matuto implora
Ao dono da criação.
Só ele pode mandar
As bênçãos para a nação
E o sofrimento acabar
Fazendo então cessar
Os gemidos no Sertão.
Autora: Angela Maria de Melo Lucena.