POEMAS DA CARNE, ZERA!
POEMAS DA CARNE, ZERA!
Ó, Ovídio, os ramos estão secos!
“Não duvides, Homero, ainda que viesses
pelo coro das Musas escoltado
eras posto na sua se nada nos trouxesses...”
Ó, ouvidos, ó ruídos da noite... trepidam as estradas!
Bem vindo à selva
ligado em você
Apocalipse
Gisele Bündchen
numa sexta-feira muito louca...
Ó, Ovídio, a arte de amar zera olvidada!
“Aos teus soldados, só tu soubeste, ó Rômulo,
tão felizes momentos ofertar...”
Ó, ouvidos, aqui estou encerrado, emparedado, metamorfoseado!
Que infelizes momentos
sad sede as mulheres tem bigode
a TV na hora do gol
Sky uma coruja
sem álcool;
o som da noite
um turbinado corta a negritude;
isca cai...
Ó, Ovídio, os ramos d’oiro perderam o viço!
“Desde este tempo cultivei e estimei
os poetas;
Eu os considerava, quantos fossem, deuses...”
Ó, ouvidos, ais! em meu exílio leio POEMAS DA CARNE!
Como é que a pessoa se sente
como um campeão se sente?
a minha verdade,
campeão do mundo,
pé de sua mãozinha
chore à vontade
João da Sunga...
Ó, Ovídio, a voz de Orfeu debalde me chamou!
“Quis me resignar ao sofrimento, e não vou negar que tentei: o Amor foi mais forte. É um deus bem conhecido lá em cima, nas regiões terrestres. Não sei se o é aqui, mas aqui também imagino que seja, e, se não é mentirosa a fama do antigo rapto, o Amor também vos une...”
Ó, ouvidos, pronto às metas e às (foto)morfoses!
22 nocautes, 29
lutas com certeza
em que round
você já é um fenômeno
lesões, golpes rápidos,
soco acima...
Ó Ovídio, eu finalmente o reencontro em Canto XX!
e respondo respondopondopound...
“Tímido soar, quasi tinnula,
Lugur’aoide: ‘Si no’us vei, Domma don plus mi cal,
Negus vezer mon bel pensar no val.’
No meio do florir
De duas amendoeiras
A viola ligada numa ilharga;
E outro: ‘s’ adora’.
‘Possum ego naturae
Non meminisse tuae! ‘Qui son Porperzio ed Ovídio...”
soco acima
soco abaixo...
soçobro
Ars Amatoria, Ezra... eraz, zera!
PROF. DR. SÍLVIO MEDEIROS
Campinas, é outono de 2007.