[A peste da escrita]

[Um pouco de metalinguagem não faz mal...]

Jamais peço que me leiam, jamais!

Exponho-me na Grande Rede:

meus textos são acenos rápidos,

ao modo de uma puta de esquina

que acena para os carros que passam!

Escrevo: logo, eu sou essa peste ruim

que não dá para outra coisa

que não seja a novel facilidade

de digitar suas loucuras na Rede!

Nenhuma peste digna deste nome

"pensa" que não vai ser contraída,

todas as pestes abominam as vacinas,

todas as pestes querem se alastrar,

e nenhuma peste se espalha tanto e tão

rapidamente como a Peste da Escrita!

Bons tempos aqueles da Peste Negra!

Os personagens do Decameron de Boccaccio,

refugiados no ócio de um castelo,

põem-se a narrar aquelas deliciosas histórias...

Boccaccio tinha contraído sim, a peste de escrever...

Morro de rir! Não há vacina na Galáxia

da Peste da Escrita... para onde o freguês

se voltar, encontrará um pestilento

com seus textos, seus poemas...

Até o marketing na TV já conclama

a pôr a poesia na rotina da vida!

Tomara a peste se espalhe mais e mais,

melhor ter a Peste da Escrita que a outra,

a Peste da Corrupção Galopante!

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[Desterro, 22 março de 2013

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 24/03/2013
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