Realejo de Alentejo

O homem do realejo

toca a nostalgia da inocência

sem prever o fim da clemência.

Mas em tudo há uma sensação

de crime cometido,

de pecado consentido

e de desejo proibido.

Bêbadas almas delirantes

dançam em umbrais degradantes

e enlouquecidas por paixões escaldantes

clamam por devassos impérios

e sórdidos mistérios.

Os puros amores foram traídos

e d'alguma cumplicidade honesta

pouco mais resta.

Apenas a hipocrisia

de certa promessa vazia

e a cínica máscara de falsa Santidade

dos inglórios Pastores da castidade.

E, no entanto, o homem do realejo

insiste nos fados do Alentejo

e anuncia a chegado do

novo tempo e destino

em que o amor não é clandestino.

Figura - tela de de Djanira da Mota Silva, via Web.