Grávida de Poesia

Depois de tantos segredos

E promessas cumpridas e descumpridas

Mistura de medos e desejos

Depois das falsas despedidas

Das renúncias e das entregas

Depois dos versos de carícia

E da inocente malícia

Achou-se o caminho das pedras

Depois da excitação decantada em verso

Meu corpo em tua poesia imerso

Do prazer degustado em prosa

Do gozo desfolhado em tesões

Das canções com cheiro de rosa

As línguas se roçam

Tal qual Caetano e Camões

As almas finalmente se tocam

A penetração da inspiração

Provocou viagem ao infinito

Entre gemidos e gritos

De alma que se derrama

E teu nome chama

Em devotado rito

A fecundação se fez

Homem-poesia-mulher

Prenúncio de gravidez

Desatino de bem-me-quer

Começo de gestação

Batimento de coração

Sintonia de encantamento

De êxtase desabrochado

Em tão sublime momento

O corpo age, a alma reage

Um em espasmo, o outro em orgasmo

Sou mulher rendeira

Fiz renda com tua teia

E dela, manto para seduzir

Agora, mulher parideira

Em vias de parir

De parto natural, visceral

Seja noite ou seja dia

Eu, mãe de poesia...

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 23/03/2013
Código do texto: T4204139
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.