o fogo sagrado ( ll )

Tornei-me um deus e sobre as águas agora

eu danço: e reparto entre os mitos minha fome e meu

desencanto; deixo-os na pedra, os limpos, deixo-os

no tempo, os prantos,

teu corpo na memória me alucina

e dele extraio vinho e misericórdia ...queria-o ao

meu lado, maltrátá-lo , queimá-lo, tornar-me

uma brasa sobre tua pele alucinada , te afogar na água

até que a morte lhe trouxesse um abraço;

e eu a traria de volta ( mais veloz que a morte )

mais lúcido, mais claro, como se fosse uma explosão

de vida eterna

e cheio de clemência teu coração trincaria e teus

olhos pousariam nos meus. e meu ódio também

seria tua comida e tua casa, e nós dois falariamos

como anjo em palavras e fissuras

porque uma muralha cedeu...( a floresta floresceu...)

e no peito, no meu peito até então gelado

uma horda de demônios poriam fogo, gritariam e

dançariam e corpos nus falariam de sua vontades

de seus desejos e suas carnes seriam ritos e pecados

então eu teria força de um castigado

passaria pela porta do inferno e mataria

o cão de três cabeças que nos força o rasgo

de lavas...

a montanha me faria profano.

e ambaixo do sol e da chuva

e sobre a terra miserável

aos olhos de satanás ou dos infelizes

a nossa vida seria um ato,

e os corpos seriam sexo e aos olhos,

os olhos seriam verdades

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 22/03/2013
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