MAR ABERTO
As águas do rio doce
percorrem sinuosamente
cidades e vilarejos,
alterando a paisagem convicta
indiferentes a qualquer súplica
ainda que justa fosse.
Na busca pelo desconhecido
vai moldando seu trajeto
na ânsia de mim navegar,
mas o leme do seu medo
insiste em desviar o curso
levando-o pra outro mar.
Minhas águas profundas
magoadas com esse desdém
choram copiosamente como vitalinas
que bordam com lágrimas seu enxoval
à espera de um Amor que nunca vem
Sou mar aberto, mas podes desaguar.
Meus monstros dormem tranquilos
na escuridão das profundezas,
não ameaçam ninguém.
Se não acordados
nunca sairão de lá.