MAR ABERTO

As águas do rio doce

percorrem sinuosamente

cidades e vilarejos,

alterando a paisagem convicta

indiferentes a qualquer súplica

ainda que justa fosse.

Na busca pelo desconhecido

vai moldando seu trajeto

na ânsia de mim navegar,

mas o leme do seu medo

insiste em desviar o curso

levando-o pra outro mar.

Minhas águas profundas

magoadas com esse desdém

choram copiosamente como vitalinas

que bordam com lágrimas seu enxoval

à espera de um Amor que nunca vem

Sou mar aberto, mas podes desaguar.

Meus monstros dormem tranquilos

na escuridão das profundezas,

não ameaçam ninguém.

Se não acordados

nunca sairão de lá.

Iris Rago
Enviado por Iris Rago em 21/03/2013
Reeditado em 22/03/2013
Código do texto: T4200084
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