Zé Jão
João ou José,
Agora não sei qual é,
Andou magoado pelos cantos.
Há muito sua música não fluía
Que a realidade que vivia
Perdeu seus encantos.
O pai de João ou José
Vontade de dar no pé
Em ver a cria caminhando errado.
Vestiu de fé o medo que sentiu
Alimentou sua mania de senil
E tentou não ver o outro lado.
João ou José
E seu pai, o zé mané,
Andaram se ouvindo pela metade
O zé pai primeira vez questionou
O zé Jão disse que mudou
E os dois perderam a vontade.
João ou José,
A gente sabe como é,
Sente que lhe espera um castigo
O ópio não curou seu pranto
A matemática faliu no ponto
Agora ele não tem nem amigo.
João ou José,
O pai quase perde a fé,
Na pergunta ‘de onde vem’.
Primeira vez perdeu a calma
Não soube onde enfiar a alma
Esqueceu-se de ser homem de bem.
João ou José,
Tanto faz qual deles é,
Se meteu a ouvir o outro lado.
Antes fosse arrogante
Ou, talvez, ignorante
Mas era filho de seu pai amado.
De que ópio é o ópio da tua certeza?
E agora, José?
E aí, Zé mané?
Vai dar de João ninguém?