Sinais
Existe um visgo
que não se desfaz
Um nó que não folga
Um laço que não se rompe
Um verso que se molda
Aos múltiplos mútuos sinais
Não é prêmio nem castigo
É um fogo que consome
É um brilho que cega
É um cheiro que inebria
É um calor que irradia
É recuo e entrega
Eu fujo, tu me alcanças
Tu foges, eu te resgato com lanças
Somos ninho e passarinho
Em completo desalinho
Somos caça e caçador
Somos flor e beija-flor
Pedaços perdidos de carícia e carinho
Encaixe perfeito de medo e desejo...
E esse tempo que não passa
É uma dança de sedução
É um vício cor de poesia
É sol à noite, é lua de dia
É renúncia e rendição
É chuva que não estia
Doce cheiro de tentação
É a fome inesgotável do beijo
São as intenções escondidas
Em mal disfarçadas despedidas
São mãos que acenam e vão embora
Mas, a alma implora
que a outra alma não a deixe ir
É um desassossego na veia
É um alvoroço que se faz teia
Enredando-se na vontade
É não querer partir
É um desamantelo de saudade
De tudo que está por vir...