Eu, água

Deito-me límpida

nas profundezas da terra

alimento raízes, fertilizo-as,

rompo a terra, sou nascente.

Batizo-os em nome do Pai

por imersão, infusão ou efusão

tornando-os cristãos ou crentes.

Na natureza sou sábia:

torno-me rios, mares e condenso.

E derramo-me em chuvas

às vezes em fúria, às vezes, docemente.

Quando em fúria alago tudo:

solo, asfalto, pólos, sementes.

Sigo o curso sob as pontes que suportaram

as enchentes turbulentas.

E outras vezes, por alguns períodos

alivio o solo trincado e quente.

Lavo um corpo cansado

Animo um corpo doente

Sacio a sede do mundo

Eu, água, sou confluente.

Cuidem de minha saúde

Zelem por minha estadia

Façam isto por vocês.

Que eu, sigo a corrente.