NULO
Quebrei a garrafa
bebi minha paz
cortei-me, cortei tudo
sorvi o sossego
Eu, etílico morcego
enxotado do mundo
repelindo e imundo
viajo agora tocando a quietude
E haja membrana
para conter o ar
e venham paredes
para eu desviar
e plainar
aplainar a superfície ácida
de tanta coerência
Enfim, fiz-me líquido
pois líquida é a paz
e só se dá na loucura.
Triste é ter consciência...
Enxergo o ser na essência
da última gota de bem
e anulo-me.
Sou agora o templo
no tempo do nada
e ao final da jornada
não sou mais refém
Quebrei sim, a garrafa
e bebi minha paz
com vodka
gelo
e água
com gás.