Seu Tempo
A luz apagou-se cedo
nesse pequeno espaço onde a vida teima em nascer.
Morrem os sonhos antes mesmo de existirem,
talvez pelo tempo que se ausenta
na alma que vive o medo.
Resistente, luta na escuridão desejando manter-se.
Tateia buscando as mãos que carregam a salvação
ou o olhar que tudo diz no simples calar da voz,
antídoto para morte que se instala
nesse espaço sem tempo onde o vejo desfazer-se.
Mas, nem o olhar, nem as mãos podem dar a vida
que em si mesma esvai em agonia.
E a dor se coloca no espaço do tempo
que voa em asas de solidão...
E dormem em mausoléus apodrecidos pela hipocrisia
a recuperação do tempo que jaz no espaço do que antes existia.
Que minhas lágrimas sustentem seu tempo nas linhas do destino.
Que viva a vida onde a morte se instala.
Que as lágrimas antes caídas, na dor sua de cada dia,
sejam consolo hoje agregado
a outras almas que em sua morte encontraram o exílio.