NEM TUDO SÃO FLORES
NEM TUDO SÃO FLORES
Nem tudo são flores
Capinzais, rios ou plumas
Esqueça as nascentes
Não restaram folhas
Lá fora o sol se espalha
Por caminhos de pedra
Na vida breve, indigente
Pouco se sabe do espinho
Dos retorcidos galhos
Do orvalho minguado
Do chapéu de palha
Do calo no pé
Do suor e da sede
Do soluço abafado
Do desespero no olhar
As flores se foram
As léguas racharam
As lágrimas caem
Na cacimba ou no pote
Restou a incerteza
O apelo ao vento
O tormento
De onde virão as flores
A calma na calamidade
As bênçãos ao solo sagrado
O verde como consolo
O vale volvendo a vida
Cedo ou tarde
As flores florirão