NA BEIRA DO CAMINHO
(Sócrates Di Lima)
Uma tapera
Na beira do caminho,
Que nada mais se espera,
naquele cantinho.
Na beirada do caminho,
Entre arvores e moirões,
O casebre ali sozinho,
Sem grades e ladrões.
É a vida seca,
Nos confins de algum setão,
Nada prende nada cerca,
Janela aberta como aberto meu coração.
Casinha de barro,
Nem branca ou amarela,
Ali náo existe carro,
Nem conforto e vitraux na sua janela.
Ali no fim do mundo,
Bem dentro do verde mato,
Talvez um amor profundo,
Ali tenha vivido no anonimato.
Talvez nessa simplicidade,
Muito amor tem-se produzido,
Mesmo que falte comodidade,
Uma familia ali tenha vivido.
Onde vive a nua e crua verdade,
Com que cada um vive com o que tem,
Sem violência e sem maldade,
Felicidade tem também.
Talvez numa cidade,
Não se vive como ali,
Onde a caipira felicidade,
Um dia talvez senti.
Como é belo a casinha na roça,
Com o amor qjue ali pode ter nascido,
Embaixo de uma palhoça,
Com amor se tem vivido.
Muita gente não trocaria,
Uma casa na cidade,
Por um casebre sem mordomia,
Sem luxo e sem vaidade.
Mas posso ter certeza,
Que o amor que pode ter nascido ali,
Por sua nobre natureza,
É bem diferente dos amores da cidade que eu já vi.