CRENÇA BESTIAL...
Minha caneta imprevista e atrevida
sempre desenhando filmes que jamais verei.
Desce a noite em algum lugarejo
e eu vejo a lua nua morrer à mingua.
Em minha caneta há lugares vazios,
quartos escuros com buracos de fechadurar
que esqueci de vedar.
Minha caneta faz desenhos no ar
para o vento desavisado e frio apagar.
Seremos mesmo uma estrada de mão única?
Será que chove dentro da barriga?
MInha caneta diz que a felicidade foi embora
e agora eu serei feliz sem ela.
Esta caneta atrevida trai as próprias emoções,
descreve a saudade como quem não senti a dor,
e eu acredito bestialmente que poderei trespassá-la...
porque meus jogos de sorte são com baralho sem naipe...