PSICOSE

Algum dia

Vou bater a poeira

Apanhada na estrada do tempo

E despido

Do incômodo envoltório

Sedimentado ao longo dos anos

Ao sabor

De salpicos repressivos

De lamas da socialização

Possa eu talvez

Imerso em profundezas abissais

Sentir a leveza do meu corpo

Aberto e puro

Revelando a mim mesmo

A dimensão inescrutável do meu eu.

Brasília, julho de 1981