Depoimento

O poema ignorou o meu chamado...

E foi para o topo de sua excelência...

E foi tão ligeiro

E subiu tão convicto

E tão altaneiro

E em tal desespero

que nem pude lhe deixar cravada

a cor da minha urgência...

Fiquei cá embaixo

embalando o amanhecer

E aguardando o momento de glória

de um verso

que não chegou ao seu intento

Ele não suportou a si mesmo

E acabou despencando

em minha madrugada

Não era assim que eu gostaria

que viesse...

Não era assim que deveria

aparecer...

Um poema que despenca por não estar em seu lugar

faz mal à saúde de sua própria poesia.

E agora cá estou cuidando de um poema com luxação...

(Não há coisa pior do que cuidar de dores superficiais)!

(Adriana Luz - madrugada de 21 de março)

Adriana Luz
Enviado por Adriana Luz em 20/03/2007
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