OUTONO
Ai de mim!
O outono aflora todos os meus sentidos.
Melhor seria que fôssemos
do cinza ao amarelo exuberante,
pra que eu não te visse num rosto desconhecido,
num sorriso alheio,mas tão semelhante ao teu.
Que não sentisse teu cheiro exalando da terra,
ainda sedenta do carinho da chuva que
delicadamente fertiliza seu ventre.
Não sentisse a leveza do teu toque
no vento frio que beija suavemente minhas costas,
provocando-me arrepios.
E não ouvisse a tua voz embargada sussurrando
ao meu ouvido no roçar das folhas secas caídas no chão.
Ainda posso sentir o gosto levemente adocicado
dos teus beijos na maciez da framboesa
recém colhida do pé.
Ah... Quem dera não houvesse outono ou
não mais te sentisse tão vivo em mim.