OUTONO

Ai de mim!

O outono aflora todos os meus sentidos.

Melhor seria que fôssemos

do cinza ao amarelo exuberante,

pra que eu não te visse num rosto desconhecido,

num sorriso alheio,mas tão semelhante ao teu.

Que não sentisse teu cheiro exalando da terra,

ainda sedenta do carinho da chuva que

delicadamente fertiliza seu ventre.

Não sentisse a leveza do teu toque

no vento frio que beija suavemente minhas costas,

provocando-me arrepios.

E não ouvisse a tua voz embargada sussurrando

ao meu ouvido no roçar das folhas secas caídas no chão.

Ainda posso sentir o gosto levemente adocicado

dos teus beijos na maciez da framboesa

recém colhida do pé.

Ah... Quem dera não houvesse outono ou

não mais te sentisse tão vivo em mim.

Iris Rago
Enviado por Iris Rago em 15/03/2013
Reeditado em 15/03/2013
Código do texto: T4189508
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