SE – XINGÓ
SE – XINGÓ
E Deus sonha o seu paraíso,
Paraíso sem tempo de acontecer,
Acontecendo lentamente,
Lento com a gota que pinga,
Pinga de Canastra e escorre,
Escorre vira fonte,
Fonte vira riacho,
Riacho vira o velho Francisco,
Francisco que corre sem dó,
Dó por que teria o velho rio?
Rio que rasga o sertão,
Sertão de Lampião e caatinga,
Caatinga rasgada e separada pelo Xingó,
Xingó, rio que corre entre as pedras.
Pedras que viras esculturas abstratas,
Abstratas como o tempo,
Tempo que Deus sonhou um dia,
Um dia é quanto para o Senhor Deus?
Deus fez beleza na água cortando a rocha,
Xique-xique na inusitada fresta,
Fresta que parece muro feito pelo homem,
Homem deixou sua marca ali no paraíso,
Paraíso que ganhou uma lagoa,
Lagoa para gerar energia para o sertão,
Sertão que tem tanto espinho que parece pesadelo,
Pesadelo também faz parte do sonho de Deus.
André Zanarella 13-03-2013
(escrito em guardanapo de papel no restaurante Karracas)