Tempo Tempestade

O mênstruo da tempestade

revela os pecados da cidade.

"Bocas de lobo" regurgitam

os crimes não digeridos

e os corpos corrompidos.

O vento açoita meu rosto

e sinto o arroto, escroto, esgoto

donde transbordam os rancores.

É suja a enxurrada que arrasta

as crenças derradeiras

das mulheres carpideiras.

Os rugidos da celeste besta-fera

condenam os pecadores

e as blasfêmias que lhes são devolvidas

são caladas pelo vento navalha

nas mãos do pastor canalha.

Estão úmidos os olhos do Mundo.

Choram os erros

e temem os castigos.

Danaram-se os abrigos

e nos afogam

as águas de Jobim.

As águas do fim.