AMBIENTE ESCURO

O silêncio que grito,

Na individualidade reclusa de minha solidão,

Na inutilidade pública dos meus sentimentos,

Não é ouvido, não é sentido, não é conhecido

Pelos cegos, pelos surdos, pelos paralíticos,

As palavras,

Abortadas de mim, natimortas em minha boca,

Não revelam meu eu, sempre me escondem,

Mostram quem eu não sou

Para quem não quer me ver.

Meu peito, retumbante, não ressoa,

Não reverbera nas vozes que quero ouvir,

E das quais vivo a fugir.

O silêncio que grito

Invade o universo,

Ecoa,

Retorna em ondas pálidas que recebo

E ninguém mais pode sintonizar.

F Canni
Enviado por F Canni em 13/03/2013
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