AMBIENTE ESCURO
O silêncio que grito,
Na individualidade reclusa de minha solidão,
Na inutilidade pública dos meus sentimentos,
Não é ouvido, não é sentido, não é conhecido
Pelos cegos, pelos surdos, pelos paralíticos,
As palavras,
Abortadas de mim, natimortas em minha boca,
Não revelam meu eu, sempre me escondem,
Mostram quem eu não sou
Para quem não quer me ver.
Meu peito, retumbante, não ressoa,
Não reverbera nas vozes que quero ouvir,
E das quais vivo a fugir.
O silêncio que grito
Invade o universo,
Ecoa,
Retorna em ondas pálidas que recebo
E ninguém mais pode sintonizar.