VONTADE DE TUDO

Essa vontade que não cessa

Consumindo a liberdade

Ocupando precioso tempo

De... pensar outra vontade

Em qualquer coisa que se faça

Vê-se pensando na outra

E na próxima

Numa sequência viciosa

Que quando sana vontade

Fica ainda mais penosa

Freneticamente

Procurando possuir, dominar

Sentir sem pensar

Sobrepondo aspirações

Colidindo a misturar

Já nem se sabe mais o que querer

Ou se deveria deixar de correr

Ou se a vida é mesmo assim

Regida pelo anseio sem fim

Pois, se parar, sente vazio

Se seguir, sente aflição

Então qual o sentido das minhas metades

Senão o de preencher indecisão?

Na multidão, então

Se embrenha como outro interminável

Em estado terminal

Que na sede se consome

E se sustenta

Mas que permanece com fome

Enquanto a vontade alimenta

Continua desnutrido

Guardando os copos meio cheios

Num legado indefinível

Confuso de devaneios

Os desejos dançam

No fim do caminho

Onde está um livro sem páginas

Pelo chão, as folhas arrancadas

Outras delas cerradas no punho

Histórias nunca terminadas

Rabiscos aleatórios numa vida de rascunho

Deperiret Sonus
Enviado por Deperiret Sonus em 13/03/2013
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