Lá fora uma cigarra tardia se arrebenta
Tanto canto...
Dentro se me arrebenta o peito
Desencanto...
Prefiro ficar aqui no escuro...
Quem sabe me adormeço,
Ou ergo um pouco mais meu muro
Fingir um recomeço
Ou fazer caminho de volta
Porque conheço os passos
Porque condenso os traços
Porque posso fechar atrás de mim a porta
São tantas idas e vindas
São tão miseráveis minhas setenta vezes sete vidas
Então me visto com meus silêncios mais novos
Enfeito o colo com colares de cordas
Melhor me acomodar aqui
Na fresta,no furo
Porque é assim que me selo
Porque é assim que me curo
Melhor parar por aqui
Porque teus dedos me desconstroem
E deito em versos pontiagudos
Em pregos que me doem
E meu olho desgastado pressente
Que tudo é premente
Nada escapole
Ninguém mais sente