Cara de vento
O muro era tão alto
que esticava as mãos
para colher nuvens.
Colhia também cocô de passarinho
jogado na cara do vento.
Não adiantava a mãe gritar:
desce que o vento te leva.
Abria mais ainda os braços
e fechava olhos de sonhar
enquanto uns se escondiam
pra não machucar de vento
outros abriam boca de engolir.
Botou as mãos no bolso
e se deixou levar.
Por que não falar de sonhos
se o triste é realidade?