DESMANDAMENTOS
Meu eu robô disse: Parem!
Roubaram-me os parafusos,
meus descontroles confusos
Dez controlam sem parar:
Dão-me um Deus por conveniência,
feito à minha imagem e inconsciência.
Tomam em vão o meu nome
sete dias sem cessar,
sem honra a pai ou mãe,
matam-me, adulteram-me,
furtam-me a verdade,
levantam contra mim falso testemunho,
mas não cobiço suas casas,
suas mulheres, seus servos,
nem seus bois, seus jumentos,
nem coisa alguma, pois
tenho minhas engrenagens,
meus botões, meus programas,
e minhas asas
sem seus parafusos...
Devolvam-me, com todos os seus rodeios,
e todas as suas voltas e pecados.
Eis o eu robô depenado:
ferrugem e graxa a fluir
devolvam-me os parafusos
para que eu possa explodir!