Metade de mim é sentimento,
A outra metade esquecimento.
Metade que eu sei é verdade,
A outra que não sei fingimento.
Uma metade minha só espera,
A outra metade se desespera.
A metade que quer dispensa,
A outra não quer, nem pensa,
Compensa não poder e querer,
Metade de mim é não ser...
Há a metade que sempre cala,
Que predomina sobre a que grita.
Metade de mim que nunca fala,
Só uma metade sempre se agita
E aflita essa metade se espalha
Na metade de uma falha infinita.
Metade de mim até que é bonita,
Outra metade, coitada, nem sabe,
Não cabe numa beleza que irrita,
Nem na tristeza da que não é bonita,
Mas na aflita não há beleza que cale.
 
Metade de mim é só metade. Ou quase...
 
Metade minha é fictícia,
A outra metade é só inventada.
Qualquer delas é sub-reptícia,
Metade de metade mal acabada,
Que existe sem qualquer perícia.
Metade dessa vida deixei largada
A outra metade nunca foi nada...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 12/03/2013
Reeditado em 25/04/2021
Código do texto: T4184319
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