Nordestino
Vou invadindo matas e serras
Dentro de uma locomotiva
Estou voltando pra minha terra
Não vejo outra alternativa.
Fui trabalhar em canavial
Lá pras bandas do interior
Pois morar na capital
É vida só pra doutor.
Minha coragem vive nas mãos
Tenho firmeza nos pés
Vou tentando ganhar o pão
Tomando apenas o meu café.
Todo dia oro olhando o céu
Pedindo a Deus pra me iluminar
Tenho caráter e sou fiel
E ninguém pode duvidar.
Enfrento qualquer serviço pesado
Pois em casa a família me espera
Sou um trabalhador calejado
De primavera a primavera.
Deixei meu povo em casa
Com pouca coisa na panela
Uma esperança cheia de asas
Em cada porta duas tramelas.
E estou fino feito calango
Dá pra contar as costelas
Talvez seja a falta de rango
Nesta aparência amarela.
Mas ganhei alguns trocados
Que vou levando aqui na mochila
Esse sim foi bem suado
Vou pagar os fiados da vila.
E assim que eu chegar ao barraco
Quero abraçar os meninos
E se a dona achar que estou fraco
Bobagem sou nordestino.
Francisco Assis Silva é Bombeiro Militar
Email: assislike@hotmail.com