Nordestino

Vou invadindo matas e serras

Dentro de uma locomotiva

Estou voltando pra minha terra

Não vejo outra alternativa.

Fui trabalhar em canavial

Lá pras bandas do interior

Pois morar na capital

É vida só pra doutor.

Minha coragem vive nas mãos

Tenho firmeza nos pés

Vou tentando ganhar o pão

Tomando apenas o meu café.

Todo dia oro olhando o céu

Pedindo a Deus pra me iluminar

Tenho caráter e sou fiel

E ninguém pode duvidar.

Enfrento qualquer serviço pesado

Pois em casa a família me espera

Sou um trabalhador calejado

De primavera a primavera.

Deixei meu povo em casa

Com pouca coisa na panela

Uma esperança cheia de asas

Em cada porta duas tramelas.

E estou fino feito calango

Dá pra contar as costelas

Talvez seja a falta de rango

Nesta aparência amarela.

Mas ganhei alguns trocados

Que vou levando aqui na mochila

Esse sim foi bem suado

Vou pagar os fiados da vila.

E assim que eu chegar ao barraco

Quero abraçar os meninos

E se a dona achar que estou fraco

Bobagem sou nordestino.

Francisco Assis Silva é Bombeiro Militar

Email: assislike@hotmail.com

maninhu
Enviado por maninhu em 11/03/2013
Código do texto: T4183562
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