Dos livros: Divagando e Versos & Reversos parte 2
DESVAIRADO TEMPO
E nesse rítimo aluscinante
A onde vou chegar não sei
Só sei que corro contra o tempo
Que sem pudor
Meus sonhos desfêz
Desvairado e'insano
O tempo passa
Levando os sonhos
Na bagagem
Os dissolvendo
Quais fossem fumaça
Pois ele, o tempo
Só leva vantagem
E o tempo
Ah, o tempo
Tempo presente
Passado futuro
Tempo insolente
Talvez obscuro
Que mexe com a'gente
Nos deixa inseguros
E o tempo passa
No Universo pulsa
Conduz toda espécie
Cria e recria
Falece a matéria
Pro'outra resurgir
E no tempo todos
Queremos seguir
Tempo companheiro
Senhor da razão
Tempo aventureiro
Nessa imensidão
Sou eu forasteiro
Tentando entender
O por que no tempo
Pretendo viver
FALTOU CORAGEM
Pra gritar aos quatro ventos
Externar todo o meu sentimento
As angústias que guardo no meu peito
Dissabores ao longo dessa vida
Espinheiros na minh'alma sentida
Amargura sempre reprimida
Dos anseios cravados em minha mente
Dos tormentos nas noites de insônia
Dessa aguda ansiedade medonha
Do desânimo intrépido que mim’aflige
Carcará
Nas entre-linhas dos versos
Desnudo o meu pensamento
Pego carona no vento
Desbravo florestas, mares
Dos pássaros ouço os cantares
Das flôres sinto o aroma
Do amanhecer na roça
Na relva miro o orvalho
Na roça um espantalho
Que afugenta passarinho
Prá nao fazer o seu ninho
Do milho comer o grão
Dividindo o lucro então
Da luta d'um ano inteiro
Prá não fazer seus puleiro
No meio da plantação
Na manhã ensolarada
A brisa forma partículas
Qual cristais descendo em bicas
Das fôlhas da imburana
Também da palha da cana
No solo forma cacinba
E o camponês se anima
Pois na escassez de chuva
Recorre a cacimba d'água
Pra 'alimentar seu rebanho
Do alto da barauna
O carcará dá seu grito
Pá assustar o cabrito
Que esta em meio as ovelha
E ao sair na carrera
Ser fisgado por seu bico
Carcará quem não conhece
É a águia do Nordeste
Valente quinem a peste
E quando mira uma prêsa
Por mais alto que'ela esteja
Desce de lá ligeirinho
E até os bichin do ninho
Ele os agarra sem ter dó
Sem precisar de anzol
Se tiver peixe ele fisga
Nas garras segura cobra
Seu cardápio predileto
Vivente que estiver perto
Quando o ouve se arrepia
Cassaco preá e gia
Pra ele é só tira gosto
Pense n'um bicho disposto
O carcará do sertão
Das aves que por lá voam
Ele'é o mais valentão.
Cansei de ficar parado
Cansei de ficar parado
Vou viajar um pouquinho
Pegar carona no vento
Divagar devagarinho
Revisitar cachoeiras
Reouvir os passarinhos
Rememorar tempos idos
Quiçá num flerte de sorte
Reencontre a harmonia
Que divagar a perdi
Pelas curvas do caminho.
Evidentemente/ mente
Quem diz que nada sente
Mente
Externar sentimento
Não é conveniente
Vegeta-se
Não se vive
Pra não ser inconsequente.
De fato
De fato
A saudade envolve
Perversa
Sempre nos alcança
O tempo
Sorrateiro trás
Consigo
Toda lembrança
E a Lógica
Sempre decidida
Suprime
Qualquer esperança.
Trivial
Para ser bem contundente
Do verso sou o reverso
No trivial o complexo
Se discordo do contexto
Escrevo frases sem nexo
Talvez seja meu avesso.
Mergulho nas fantasias
O rubro ocaso da tarde
Discretamente anuncia
Ao longe no horizonte
O término de mais um dia
Vem uma brisa suave
Meu rosto acaricia
O voo da passarada
A Lua e sua magia
Convida-nos a 'mergulhar'
Num mundo de fantasias.
MIRAGEM
Olhei pro alto
Mirei uma nuvem
Nela refletida
Vi a tua imagem
Sorriso belo
Estavas nua
Olhei novamente
Era só miragem.
DOCE LEMBRANÇA
No peito bate um coração inflamado
Envolto em chamas de um amor impossível
Por mais que queira não tenho o comando
Como posso ser assim tão insensível
Olvidas que te quis eu sei bem disso
O tempo não fez a nossa história
Não posso assumir tal compromisso
Mas anseio encontrar-te sem demora
Na minha insensatez eu tenho pressa
De ter-te de novo em meu caminho
Quimera loucura ou controversa
Que falta me faz o teu carinho
Bem sabes o quanto te amei
Covarde que fui faltou coragem
De externar o quanto te queria
E o preço foi ficar sozinho
Errante vagueio pelo mundo
Cortante a saudade me desperta
Insônia em altas madrugadas
Mantêm meu pensamento sempre alerta
Recordo-me das noites de luar
Quando estrelas cintilavam docilmente
Vibrando com encanto tais instantes
Como a mirar uma estrela cadente
Revivo tão somente aquele tempo
De sonhos anseios e esperança
Ficaram gravados na memória.
DESATINO
Parece insano o que sinto por ela
Há quem diga que beira ao desatino
Não sabem eles que esse sentimento
Trago comigo desde o tempo de menino
Nem imaginam o quanto sinto falta
Daquele tempo de sonho e fantasia
Jamais pensei que hoje restaria
Só lembranças e isto não me basta
Quisera tê-la comigo a vida inteira
Mas o destino comigo foi cruel
Roubou-me o sonho de um lindo céu
Hoje a insônia é minha companheira
Mesmo vivendo em meio a multidões
É como está numa ilha deserta
Pois meu barquinho ancorou sem rumo
De um lindo sonho só recordações.
ERA QUAL ANJO
A conheci ainda quase criança
Eu adolescente cheio de esperança
Ela meiga linda doce ao falar
Surgiu então um amor que nunca quis calar
Tinha na voz uma Suva melodia
Seu jeito inocente me conquistava a cada dia
Dos olhos inocentes negros cintilantes
Irradiava ternura eu sentia a todo instante
Tinha um sorriso insolente cativante
Brilhava como fosse um lindo diamante
Seus lábios carnudos cabelos cor de mel
Era qual um anjo descido lá do céu
Sem jeito, inocente, indeciso, inseguro
Sentir nascer no peito aquele amor tão puro
Nem mesmo a distância que nos separou
Arrancou-me do peito a magia desse amor.
Desvairada selva
E nesta desvairada selva
Ser coerente não basta
Se o efeito cascata
Se propaga a anos-luz
Se o insano conduz
A cometer absurdos
Não dá pra pousar de surdo
Enquanto massacram a 'massa'.
UTOPISTA
Houvesse mais respeito a Natureza
Os homens fossem menos egoístas
Minorada fosse a avareza
A paz não seria utopista.
GAZELA
Pensando nela fico noites acordado
Arde-me o peito qual chama de vulcão
Vejo seu rosto cabelos cacheados
Sorriso franco dilata-me a emoção
Lábios carnudos sinônimo de pecado
Olhar certeiro flechou o meu coração
Quando ela anda seu jeito de gazela
Fêmea tão bela aguça-me a ilusão
Basta-me em sonho senti-la do meu lado
Para olvidar que exista solidão.
ACORDEI
Quanta vez em pensamento
Já despir teu sentimento
Já sentir teu coração
Já vivi mil fantasias
Já amanheceu o dia
E eu envolto em solidão
Já vi teu rosto na lua
Já vi teu corpo molhado
Já fiquei extasiado
Qual fosse alucinação
Já divaguei pelos campos
Já me esparramei na relva
Acordei
Foi só um sonho
Foi só imaginação.
FLUTUANDO NO CHÃO
Todo círculo é vicioso
Todo vicio é circular
Assim é o desejo
A vontade de amar
Dá-se volta pelo mundo
Sem se sair do lugar
Se pensa que está doente
Com o peito quase a sangrar
Qual um rio caudaloso
Que vai desaguar no mar
A diferença é que o rio
Tem começo meio e fim
Diferente desse impulso
Que não se afasta de mim
Que machuca e dói na alma
Mas que faz-me bem mesmo assim
Que faz sonhar acordado
Que faz noites não ter fim
Leva a flutuar nas nuvens
Tamanha alucinação
Faz voar ao infinito
Mesmo sem sair do chão
Um sentimento cortante
Qual um fio de navalha
Mas que eleva o espírito
Seja de nobre ou de rico
Seja de nobre ou de rude
Como num círculo igualmente
Que deixa a todos contente
Se tem no peito a semente
Desse sentimento nobre
Quando amor a gente sente.
UM GRITO AGUDO
No silêncio do meu mundo
Ecoa fundo
A estupidez da palavra
Corrói o peito
Um sentimento profundo
Desnuda a alma
Deixa a mente inebriada
Que o bem vencerá o mal
Que o mal por sí se destroi
Que por mais nos sintamos reféns
Persistamos no nosso ideal
Que na vida há sempre percalsos
Que as tormentas sempre passarão
Que por mais longo seja o outono
Chegarão os dias de verão
Que é no inverno que aflora a vida
Quando as sementes germinarão
Que das quatro é a primavera
Com certeza a mais bela estação.
SERÁ?
Será por que o aplauso entorpece
E o afago na alma não trás sorte
Que em vida não se reconhece
E se venera quase sempre após a morte?
Sabe-se que o artista passa fome
Desilude-se e muitas vezes some
Quando ao túmulo o seu corpo desce
É que vem a tona o seu nome?
É por tal que ser poeta por exemplo
É pensar muito além do seu tempo
Focar quase sempre o profano
Pois que o mundo ofusca os seus planos?
Por deveras não ser compreendido
Se torna esse ser desenludido
Faz das noites de 'insônia seu alento
Quem sabe pra 'esconder o seu tormento?
Solidão tem como companhia
Divaga além fronteiras noite e dia
Faz do tédio aliado mais frequente
E se atreve descrever tudo que sente
Contempla a Natureza por amor
Nas estrelas busca inspiração
Pois para afugentar a solidão
Lá encontra lenitivo a sua dor.
N'ALGUM OCEANO
Que essa corrente
N'algum lugar aporte
E por lá afogue
Os meus desenganos
Que eu faça planos
De um povir mais fértil
E que ancore firme
N'algum Oceano
Que eu não mais me engane
Com promessas vãs
E que no afã
De obter vantagem
Não me entusiasme
E que nada ofusque
O que planejei
Ao aportar à margem.
DO AMOR
Amar tal qual faz a brisa
Que nem mesmo as intempéries
Da noite inviabilizam
Retorne com seus mistérios
Amor algo tão sublime
Que para simbolizar
Esse sentimento nobre
Seja rico ou seja pobre
A singeleza da rosa
O faz bem representar
Amor no sentido amplo
A nada faz restrição
Não esqueçamos que Deus
Por amor Estende a Mão
Basta que nos entendamos
Pois somos todos irmãos.
RACIONAIS?
Dentre os irracionais
O instinto prevalece
Já no humano a razão
Existe e as vezes se esquece
E muita vez emoção
Então é o que prevalece
Tá certo qu'é mei de vida
Inda as lutas corporais
Mas o homem se compraz
Em assistir lutas mortais
Tal qual na'idade da pedra
Nos tempos dos ancestrais
Cada qual quer se dá bem
Não importa se massactando
O outro, atos insanos
Nem sempre somos humanos
E a tal fraternidade
Não está em nossos planos.
SONHOS OPACOS
Sonhar não só é preciso mas essencial
Quando as cores dos sonhos
Passam a ser opacas
Os atrativos da vida
Perdem seu valor
E o sonho quando perde a cor
Quando do amor
Não mais se acalanta
Então sonhar
Perde seu encanto
Lamenta a alma
Não ter esperança.
MOMENTO
Quando nas veias meu sangue ferver
Que venha à tona e prevaleça a calma
Quando difícil controlar a fúria
Que a mansidão me i m p r e g u i n e a alma
SERÁ?
Será o apocalipse n o w?
O mal em voga na Terra
O bem sucumbe ante tal
A honra serve de riso
Roubar não é mais banal
Quem se apossa do alheio
As Leis lhes dá proteção
Quem trabalha honestamente
Não mais merece atenção
Difícil sobreviver
No chamado mundo cão
Ao que parece, a barbárie
Pertinente enseja o caus
Em qualquer época se vê
Mais parece carnaval
Não tá tão fácil salvar
Nossa indefesa Nau.
NATUREZA EM FÚRIA
Que caus é esse em voga na Terra
Onde o mal tem proteção da Lei
E os que tentam preservar a honra
Tem suprimidos os direitos seus
Quem deveria preservar a ordem
São os primeiros a fazer bobagens
E o povão que os elegeu
Fica a mecê de tais pilantragens
Niguém se entende na nova babel
Parece que estão em sono profundo
A prosseguir tais disparidades
O que será desse nosso Mundo?
Ninguém escuta a voz da Natureza
Destroem sem dó reservas naturais
Os interesses sobrepõe-se a tudo
Não sei se somos mesmo racionais
São terremotos, encchente, tufões
Desabamentos, soterrando gente
Guerras, maremotos, ou mesmo vulcões
Servem de alerta para nossa mente
O caus se aproxima mais ainda há tempo
De repensar o viver profano
Se um dia a Terra nos negar guarida
Difícil será reparar os danos.
MOMENTO FULGÁS
Breve encontro fulgáz
Um estalo
Um querer
Momentânio
Tenaz
Quiçá seja capaz
De trazer lá de traz
Nova razão de ser
Esperança ressurge
Assim tão de repente
Tráz lembranças de outrora
Pro momento presente
Revigora o querer
No presente no agora
Reaquecendo a mente.
REALIDADE NUA E CRUA
De longe ví uma cena
O passo apressei prá vê
Crianças em algazarra
Foliavam como que
Brinquedos não ví nenhum
Me perguntei o por que
Num lixão catavam restos
De migalhas prá comer.
SAUDADE DA ROÇA
Sinto saudade da roça
Onde há sinceridade
Diferente da cidade
Onde é raro se encontrar
Alguém que preze o valor
De uma grande amizade
Na roça é todos por todos
Ninguém se acha melhor
Didive as coisa da Terra
Milho, feijão ou farinha
Dos pobre todos têm dó
Na cidade é difícil
Vê algém se importar
Com os murmúrios dos outros
Só se quer é se arrumar
Quem quer saber se o outro
Vive a se lamentar
Eu ainda era menino
Mais já prestava atenção
No modo de vida simples
Do povo lá do sertão
Ond'era todos por todos
Ninguém recramava não.
LUA BONITA
Lua bonita
Com teu manto prateado
Vê se traz algum recado
Lenitivo a minha dor
Sei se quizeres
Meu desejo saciado
É só trazer para o meu lado
Novamente o meu amor
Se assim fizeres
Sempre vou te agradecer
Pois perdí meu bem querer
Lá prás bandas do Sudeste
Vim pro Nordeste
E não mais tive alegria
Só alguma fantasia
Tentando esquecer o dia
Solidão ninguém merece
O SILÊNCIO
E muita vez no silêncio
Que a reflexão aflora
Na plenitude do eu
Vem a tona a razão
Que as vêzes se perdeu
Eeencontra-se nesta hora
0 silêncio é salutar
Nalgumas ocasiões
Traduz mesmo sem palavras
Que venham fazer mencões
Afirmações contundentes
Constrange até multidões
É no silêncio da noite
Que ao leu a mente divaga
Do Imaginário flui
Prás nuveves faco uma escada
Viajando além fronteiras
Assim tudo se propaga
Mas o nada nao existe
Pois reza a filosofia
Pois se ocupa algum espaço
Contém alguma energia
Mistérios da Natureza
Indcifrável magia
Tempo Espaco
Tudo Nada
Metáforas
Filosofias
SILÊNCIO
Divagações
Sem nexo
Mera magia
Realidade distorcida
Fruto da imaginacão
Será o tempo invenção
Da busca pela razão
Do se ouvidar a tristza
Contida no coração
EMBIAGUEZ DE POETA
Tal qual água no deserto
Tempestade de areia
Tal qual luz no fim do túnel
Qual nas nuvens ver sereias
Assim divaga o poeta
Se sua mente vaguia
Qual tesouro em pleno caus
Terra fértil na'aridez
Do vento junta palavras
Forma a sua embriguêz
Nem tudo que nos fascina nos convém. Muita vez, o que nos parece um pomar frutiforo, é na verdade um deserto arido.
DEVASTAÇÃO
Se o homem não preservar
Da fauna o minimo que seja
Do que existe no Mundo
Presente da Natureza
No futuro não terá
Abubdância com certeza
Também a flora padece
De farta devastação
Já não se ver como dantes
Nas caatingas no sertão
Diversidade de espécies
Tal qual havia então
Da forma que'estao fazendo
Devastando todo dia
A imponência das matas
Onde havia magia
Sonhar é tão abstrato
Que será mera utopia
Os encantos das florestas
Que havia no passado
Será qual contos de fadas
Dos livros que'eram inspirados
Nas estorias de sacis
E dos reinos encantados
Ainda há esperança
Se inda há obstonados
Em defender o improvável
São poucos
Mas não são sós
Que acreditam algum dia
Viver num Mundo melhor
NUVENS
Nuvem densa
Nuvem espessa
Nuvem rara
Faz com que eu adormeca
Nuvem clara Nuvem errante
Nuvem que inspira
Devaneios dos amantes
PÉTALAS AO VENTO
Atirei pétalas ao vento
De repente vi no ar
O voo de um beija-flor
Reviví por um momento
O extase daquele tempo
Que vivi um grande amor
Hoje somente a lembranca
Nem um fio de esperanca
Fulgaz que seja um reflexo
Das tardes de explendor
Ao som das cachueiras
Ouvindo o canto dos passaros
Bem pertinho do penhasco
De indizivel beleza
Na encosta da montanha
Que nostalgia tristonha
Pois a ganancia medonha
Do homem em busca de ouro
Destruiu tantos tesouros
Hoje chora a Natureza
Pois a selva essencial
Q'havia no local
Esbanjando imponência
Guarida de beija-flores
Hoje desperta clamores
Quem sabe a pedir clemência
LIBREDADE
"Liberdade liberdade
Abre as asas sobre mim"
Tivesse eu pensando antes
Nao teria agido assim
Hoje 'preso' as amarras
Que escolhi para mim
Como fui inconsequente
Navegar contra a vontade
Só prá dá satisfacao
A essa sociedade
Abdicar de um bem tão nobre
Quanto és tí oh liberdade
De tal preciosidade
Quem pensar não abre mao
Pois o preço que se paga
Por uma mera ilusão
É mergulhar de cabêça
Na símdrome da solidão
Nas águas turvas da vida
Ancorar sem ter guarida
No mar da desilusão
BREVE DIVAGAÇÃO
Juntando letra por letra
Palavras vão se formndo
Quem tá de fora imagina
Que quem o faz ta amando
Ledo engano
É só um jeito
Que o poeta encontrou
De expressar seus deseganos
Fazer planos a essa altura
É insano e estutícia
Quando certeza se tem
Q'é coisa de meninice
Pois quando se'amadurece
Essas coisas não se esquuece
Mas entnde-se q'entorpece
E é preciso ter juízo
NAS NUVENS
Imaginando a levêza
Q'o páasaro deveras sente
Sobrevoando entre as nuvens
De lá expele sementes
Que ao caírem na terra
Outros sêres alimente
VISÃO VERSÁTIL
Vegetais
Verdejantes
Vestem
Veementemente
Verões
SEM NEXO
Mais uma taça de vinho
A garrafa está quase vazia
Miro por sobre telhados
Garôa fininha, conduz-me a tempos idos
Bem vividos? Nem tanto...
SEU PERFIL
Encontrei por acaso seu perfil
Seu sorriso como dantes radiante
No olhar o vigor primaveril
Com o viço inerente dos amantes
Te confesso no tempo viajei
Relembrei dos momentos a teu lado
Como é triste essa tal realidade
De não mais reviver nosso passado
Inda lembro na escola te levava
No portão ficávamos a conversar
Quantos planos fazíamos sem saber
Que o destino fosse nos separar
Quando então nas festas do Padroeiro
Te esperava na porta da igreja
Como é doce relembrar o amor primeiro
Ser eterno imaginamos ser certeza
Que saudade das tardes na lagoa
De barquinho a gente passeava
Quando perto passava uma canoa
Lembro ao vento teu cabelo esvoaçava
Quando o Sol, se escondia atrás dos montes
Vinha a brisa com o aroma da floresta
E a Lua a surgir no Horizonte
E a passarada a cantar fazia festa
Hoje só me restou recordação
Das façanhas dos tempos de outrora
Dói na alma essa desilusão
Enrizada num cantinho da memória.
QUEM ME SERA
Poder fotografar teu coração
Desnudar teus anseios e segredos
Descortinar o porque de tantos medos
Desenhar nele o rubro da paixão
Da tua boca quando fala alegremente
Pudesse ler cada palavra que sussurras
Traduziria cada gesto cada esboço
Desvendaria o que se passa em tua mente
No teu sorriso de marfim incandescente
Feito miragem no deserto do meu eu
Qual a abelha a sugar da flor o n e c t a
Mergulharia nesse teu favo de mel
E nos teus lábios carnudos palpitantes
A inundar meus sentidos mais fugazes
Qual passarinho que canta enquanto voa
Me sentiria qual tivesse lá nos ares.
LOUCA MAGIA
Noites e noites
Ando de um lado pro outro
Pra não ficar
Me contorcendo no sofá
Pensando nela
Um sentimento tão profundo
Que não é raro
Vê meu corpo a delirar
Desejo insano
Pois sei que é proibido
Me escondo dela
Quando sei que vai passar
Cabelos soltos
Esvoaçando ao vento
Como a dizer
Que está a me chamar
Meiga senhora
Teu sorriso estonteante
Louca magia
Em segredo vou te amar.
VEM
Voaremos além do horizonte
Quem sabe ver de perto o por do sol
Deixando para a noite e seu encanto
Quando ele se esconde atrás do monte
Navegaremos na cauda de um cometa
Vizinhos seremos de uma estrela
Faremos lá na lua um ranchinho
Um abrigo seguro sem fronteiras
Partiremos ao romper d’aurora
E uma orquestra um coral de passarinhos
Como que acompanhando nossa história
Saudará a beleza dessa hora.
QUANTAS VEZES
Quanta vez em pensamento
Já despir teu sentimento
Já sentir teu coração
Já vivi mil fantasias
Já amanheceu o dia
E eu envolto em solidão
Já vi teu rosto na lua
Já vi teu corpo molhado
Já fiquei extasiado
Qual fosse alucinação
Já divaguei pelos campos
Já me esparramei na relva
Acordei
Foi só um sonho
Foi só imaginação.
Palavras
Meras palavras
Embalam
Agridem
Acariciam
Torturam
Despertam
Dispersam
Encorajam
Inibem
Desencantam
Decidem
Libertam
Sufocam
Educam
Amedrontam
Sugerem
Exigem
Constroem
Desmontam...
O ser poeta - ou metido a tal como eu - é ser contumaz mentiroso: quando narro que estou na solidão, tô sempre bem acompanhado: das lembranças.
SAUDADE DA ROÇA
Sinto saudade da roça
Onde há sinceridade
Diferente da cidade
Onde é raro se encontrá
Alguém que preze o valor
De uma grande amizade
Na roça é todos por todos
Ninguém se acha melhor
Didive as coisa da Terra
Milho, feijão ou farinha
Dos pobre todos têm dó
Na cidade é difícil
Vê alguém se importar
Cm os murmúrios dos outros
Só se quer é se arrumar
Quem quer saber se o outro
Vive a se lamentar
Eu inda era menino
Mas já prestava atenção
No modo de vida simples
Do povo lá do sertão
Onde era todos por todos
Ninguém reclamava não.
LUA BONITA
Lua bonita
Com teu manto prateado
Vê se traz algum recado
Lenitivo a minha dor
Sei se quizeres
Meu desejo saciado
É só trazer pro o meu lado
Novamente o meu amor
Se assim fizeres
Sempre vou te agradecer
Pois perdí meu bem querer
Lá pras bandas do Sudeste
Vim pro Nordeste
E não mais tive alegria
Só alguma fantasia
Tentando esquecer o dia
Solidão ninguém merece.
LÁ NAS BRENHA
Lá nas brenha onde morei
Se um vizinho dizia pro outro
"Tô em dificuldade
Tem algum pra mim' emprestar?
O outro: não tenho não
Mas pode esscolherer uns bodes
Umas galinha, uns porquinhos
Uns garrotes
Umas sacas de milho e de fejão
Você vende e se a r r i m i d e i a
Depois que as coisa melhorarem
Então você vem me pagar
Na cidade é diferente
Cada qual tem olho maior
Ninguém não quer nem saber
Se o outro está na pior
Se puder fura os dois olhos
Pra ficar reinando só
Desculpe ser tão grosseiro
Nas minhas poucas palavras
Mas é que vi uma cena
Homens perto lá de casa
Um querendo 'engoli' outro
Que sequer se lamentava.
BREVE DEVANEIO
Devaneiar é preciso
Faz bem e nos revigora
Tal qual fosse um oceano
Que se'esconnde no Horizonte
Nos transporta a outros cantos
Que fomos felizes outrora.
CORAÇÃO E MENTE
Vez por outra ouço a mente
Que muitas vezes me mente
E seduz meu coração
A crer que assim de repente
Encontrou a alma gêmea
Era quimera somente
Nas cores do arco-íris
N'uma tarde de verão
Deixou-se apaixonar
Imaginou que solidão
O tempo levava embora
Ao vento na imensidão.
Uma das mais saborosas sensações de liberdade que eu conheço é flagrar meu coração feliz sem precisar de nenhum motivo aparente.
Quero mais sinceridade, quero mais paz, quero mais harmonia, quero mais diversão pelas coisas simples,quero ouvir o canto dos pássaros..
Quero poder olhar pro céu sem prédios me atrapalhando, quero acordar com o sol batendo no rosto, quero mais, muito mais.
Quero sorrisos sinceros. Doces sorrisos que vêm involuntariamente depois de ouvir um "eu te amo" de quem se gosta. Quero cafuné...
Quero abraços apertados pra matar a saudade. Quero lágrimas sinceras de alegria. Quero sentir o vento levando meu cabelo. Quero sentir a chuva.
Não desista vá em frente, sempre há uma chance de você tropeçar em algo maravilhoso!
E a gente vai à luta e conhece a dor. Consideramos justa toda forma de amor
CU'MERA A VIDA NO SERTÃO
Sou matuto sou brejero
Me criei nos cafundó
Sou sertanejo da gema
Das banda do Igapó
Lá quando o Sol á apino
Castiga a pele sem dó
Campiei gado nas brenha
Ranquei tôco fui carreiro
Morei em casa de taipa
A dispois fui ser olêro
Fiz tijolo até fiz teia
Pás galinha fiz pulêro
Num fiz teia cuma aranha
Mas pá cubrir os celêro
Donde guardava os provento
Trabaio dum ano intêro
Tombém pá fazer tapera
Qui'abrigava os cumpanhêro
Nos tempo de truvuada
As gotêra pretubava
Pingava pru todo lado
Nos cantinho nois ficava
Seu minino num lí conto
Ocê difíce acredita
A vida de sertanejo
Até parece desdita
Mai juro q'era assim mermo
Quem viu de perto acredita
Nos tempo de verão brabo
Nas catinga eu m'infiava
Mandacaru pú rabanho
Era o qui a gente incontrava
Os bichin cumia tanto
Qui as veis até se babava
Iscola num tinha lá
Vim istudá quando grande
Não no sintido de artura
Pois piquenin inda sou
Mai falando de idade
Cuma dizia vovô
Mermo assim istudei pôco
Pois quando vin pá cidade
Ví tanta muir facêra
Qui mingracei de verdade
Poquin aprendí a ler
Ess'é a pura verdade
Discurpe as tanta trronchura
Qui rasbiquei nesses verso
Mai achei qui era bom
Contá pá todo Universo
Qui a vida de sertanejo
Era assim mermo eu confe
Meu povo mim dê licença
Pá mode me'apresentar
Sou matuto lá das brenha
Das terras dos carua
E careço de sabença
Pá mode me'expilicar
Mas se me dé atenção
Das coisas do meu sertão
Pá voismicês vou falar
No sertão num tem'ispritá
Nem dotor nem infermêra
Se a muier vai parí
Nóis vai buscar a parteira
Quaje sempre madrugada
E ela vem acumpanhada
De arguma resadêra
Pá rezá de má uiado
Tombém de argum qebrado
Qí gente de ôio grande
Butô no recenascido
Ante de cortá u'imbigo
Priviní nunca'é dimais
Se u bruguelo for franzino
Ranzinza e disnutrido
A partera sabe logo
Derna'o premêro gimido
E manda aprepará logo
Prú bichim argum cuzido
E pá arrefoçá
Reune trêis rezadêra
Tudim da cama na bêra
Cumeça logo a rezar
Ôtas vai aprepara
Chá de casca de madêra
Seu minino se'eu lí conto
Uncê mim diz qé buato
Mar mim'espere um bucadin
Qí lí nararei uns fáto
Qí acuntece merma assim
Lá pu'as banda do mato
Os cafundó é dotado
De rezadêra sabida
Qí reza in qarqé duença
Das qí ixiste na vida
E cura bem ligerin
De caganêra a firida
O sinhô mim acridite
Qí'um dia surgiu um cába
As feição era tão feia
Quiném qí coisa macábra
E né qí'as véia evitô
Qí disarrumace ar'mála?!
Pelas feição do sujeito
Paricia apreparado
Pá viajá sem demora
Pois tava bem matratado
Pá cidade de péjunto
Quem vai num dêxa recado
Mar as meizinha apreparada
Lá pás banda do sertão
Parece inté milagrosa
Ninguém num duvide não
Alevanta bicho-bruto
E até mermo cristão
A vida lá num é face
As casa são de sapé
Acridite no qí digo
Qí as vêis farta inté
Caçola qué pá cubrí
Os pissuído das muié
Ôto dia chegou um
Tava cun'a dô no vão
Lí passáro uma meisinha
E num cobráro muito não
Qí poucos dia adispôs
Paricia um cidadão
E pú falá nim meisinha
Inxiste um véio Missia
Qí agarante o qí faz
E nele tudin cunfia
Né qí u abençoado
Faz inté um marmelado
Feito cum leite de gia?!
Se'u caba vem das caatinga
Cu'um tái na pôpa dos pé
Se o véi num tem imbé
Faz cum carrapatêra
E chá de muleque-duro
Mode curá caganêra
Caganêra quem num sabe
É Pirrite, disinteria
E pá curá a morróia
A cocêra no bocá
Na bôca do semvergonha
Tome chá de papaconha
Qí' agaranto se curá
Pá curá dô de pancada
A casca de aruêra
É uma das indicada
E a catingêra-rastêra
É Remédio de primêra
Pá qem já
Num Fáis mais nada
Hômi pá num ser tachado
De curandêro é mió
Eu ir parando pruqí
Pois a tá da medicina
Num adimite êsses dom
ANSEIO MEDONHO
Vidas sem vida
Sonhos sem sonhos
Mentes disprovidas
Esperança ausente
Fazem do presente
Futuro sem glórias
Caminhos inóspidos
Estradas desertas
Pântanos sombrios
Sem vejetação
Coracão vazio
Onde houve rio
Vendaval passou
A margedeixou
Quanto desvario
Navegar sem leme
Sonhar mais um sonho
Flutuar nas nuvens
Transpor dimensões
Pousar noutra nau
Quem sabe por lá
Possa me encontar
Que anseio medonho
Por mais que eu almeije 'imitar' o sábio, mais medíocre me percebo.
Se nessa existência não alcansei as metas almeijadas, deixo escrito meus êrros; quem sabe assim, sirva ao menos de 'espelho'.
Fixar-se no amanhã a pensar o hoje, é certeza de lamentar-se o ontem não vivido intensamente.
A vida não resume-se em meros momentos. Todavia, há, em meros momentos, resumos memoráveis em muitas vidas.
Ousar faz parte de quem sonha acordado. Por certo no futuro há de ser lembrado. Mas que no presente, tende a ser esquecido.
SENSATA MALUQUÊZ
Minha maluquêz mais senzata
É sempre maluquear
Sem comtudo
Perder o equilibrio
Será que consigo?
Se observar-mos bem, perceberemos nos olhos - para muitos inespressivos - dos desprovidos da sorte, a desesperança escancarada
Muita vez, a gente pensa que conhece alguém, quando de repente, numa frase ou até mesmo numa palavra, muda-se o conceito que tinha sobre esta pessoa.
O outono passou, a Lua resurgiu magestosa e imponente. Pena que no meu peito, o outono persiste...
"Depois da tempestade vem a bonanza". O dilema é, que raramente, tempestades por onde passam, não causam danos...
Amar, eu amei. Tanto que esqiecí de mim mesmo. Quando me dei por conta, tarde demais; não ha mais 'espaço'.
No imenso palco da vida, ao invés de memorizar-mos as comédias, preferimos 'salvar' na memória, os dramas
Os momentos mais felizes que armazenamos n memória, são aqueles que apenas gostaria-mos de ter vivido
LEMBRANÇA
Cortante qual o fio da navalha
Dôce qual favos do mais puro mel
Menina/mulher
Sôbre aquele muro
Sorriso tão sincero
Qual um pedacinho do céu.
Como adjetivar um sentimento, quando se guarda na memoria um olhar, um sorriso, um gesto simples que nem o tempo conseguiu apagar?
Perspective o amanhã, sempre mais positivo do que conseguiu realizar hoje. Pensar positivamente, é o primeiro passo rumo ao êxito.
Felicidade: para uns, mansões, viagens, carrões, cruzeiros maritimos. Para outros, saúde, um teto, um trabalho, comida na mesa.
Se não se consegue ser ator/atriz principal, tentar fazer o melhor como coadjuvante, é a melhor opção.
O melhor do dormir, são os sonhos. Nêles, o sorriso franco ofusca o poder, o dinheiro, as diferencas. Sonhar é viver no paraiso.
Se os sonhos não fossem meras fantasias, o viver na Terra, seria tal qual viver num paraiso.
LIBERDADE DE ESCOLHA
Liberdade de escolha
É facultada a todo ser
Optar viver no bem
Basta somente querer
Construir um mundo novo
Sempre a cada amanhecer
Eu explicito: aguardando a proxima. Implicito: fantasio um amanhã de luares primaveris e horizontes com estrelas reluzentes.
PALAVRAS
Palavras...
Simples palavras
Amenas
Cortantes
Insanas
Dementes
Produz lenitivos
E as vezes venenos
VERDADES QUE SÃO MENTIRAS
Mentiras que são verdades
Verdades que são mentiras
Sinceridade escaceia
Quando impera hipocrisia
E a gente faz de conta
Deixa o vento nos levar
Mascara
Qual barco desgovernado
Nesse mundo de magia
Utopia imaginar
Que havera sinceridade
Pois alasta-se qual capim
E prolifera a maldade
Em todo lugar existe
Quem cultua vaidade
Liberdade de escolha
É facultada a todo ser
Optar viver no bem
Basta somente querer
Construir um mundo novo
Sempre a cada amanhecer
CORPOS NUS
Corpos nus
Qual néctas afrodisiacos
Como a incentivar libertinagem
Seus promotores
Ficam cada vez mais ricos
E a massa insana
Embriaga-se nesse circo
Não percebe
Que é ela o palhaço
E a insensatêz
Vai conqistando mais espaço
Pornografia
Escancarada invade os lares
Sob aplasos
Dos incautos cidadãos
Apologia
Às drogas contagia
Pouco há pouco
Toda uma geração
Pretexteiam
Liberdade de expressão
Pulverizam permissividade
Em tenra idade
É praxe perceber-se
Adolecentes
Induzidos à bandidagem
Não entendo
Como a socidade
Não se opõe
A um modêlo deprimente
Que patrocina
Êsse espetáculo indecente
E nesse imenso
Palco que é a vida
Cada ato
A cada dia
É mais macabro
Agigantam-se
As peças onde os focos
São os jovens
Que inconscientemente
São conduzidos
Qual boiadas pros cercados
Os olhos nao falam, nao mentem, nao calam. Mas emitem sinais inconfundíveis contidos no âmago da alma.
CASTELOS DE AREIA
Luz que reluz
No âmago da alma
Gotículas de mel
Que adoça o existir
Fonte enegética
Revigora e me acalma
Quando miro esse olhar
Meu peito quer explodir
Esse olhar feito flecha
Que ocupou fortemente
Um espaço em meu peito
Igualmente em minha mente
Sei, és apenas um sonho
Uma utopia por certo
Sei que estas bem distante
Mas te sinto aqui bem perto
Transformando em oásis
Encanto e até magia
O espaço em mei peito
Que estava tão deserto
Essa insana magia
Talvez seja delirante
Faz-nos enveredar
Num mundo de fantasias
Constroi-se até castelos
Mesmo sendo d areia
Que bela filosofia
Amor, algo tão puro
Setimento que aflora
No peito, no coracão
Quando se ama de fato
Se é vulnerável sim
Se esquece a razão
E mão confunde-se
Com paixão
Ha momentos que o vazio é tão intenso, que tenho a impressão de ouvir o eco do meu próprio pensamento.
AH TEMPO...
Tempo; ah tempo...
Faz o olhar perder o brilho
A pele perder o viço
O corpo perder desptrêza
Ah Natureza...
Repleta de beleza
Ah tempo...
Fazes fôscos sonhos dourados
Nublêias dias ensolarados
Frustras anseios acalourados
Impoe-nos ressentimentos
Ah tempo...
Mostras-nos as mararavilhas
Mas também realidades sombrias
Apogeus dos eleitos
E a realidade cruel e nua
Dos que moram das ruas
Das fases da vida, a mais marcante, é a que somos meio patetas; quando nos apaixonamos.
MURALHAS
Tal qual as ondas no mar
Começam em calmaria
Mas ao soprar do vento
Aquecem-se somam enegias
Antes de atingirem as praias
Muita vez já veem bravias
Assim pulsa o coraçao
Ferve o sangue a bombear
Oxigênio nas veias
Impulsiona a formar
Paredes mais que sao frageis
Muralhas
Prestes a desmoronar
Ha situacoes nas quais, se ter pela metade, é, indiscutivelmente melhor, nao se ter.
Vez em quando, metaforizar é preciso, porque faz parte. Hopocrisias, de um sistema farçante.
CARCARÁ
Nas entre-linhas dos versos
Desnudo o meu pensamento
Pego carona no vento
Desbravo florestas, mares
Dos pássaros ouço os cantares
Das flôres sinto o aroma
Na relva olho o orvalho
Na roça um spantalho
Que afugenta passarinhos
Prá nao fazer seus ninhos
E nas plantas fazer morada
Na manhã ensolarada
A brisa forma partículas
Qual cristais descendo em bicas
Das fôlhas d emburana
Também da palha da cana
No solo forma caçinbas
E o camponês se anima
Pois na escacêz terá onde
Alimentar seu rebanho
Do alto da barauna
O carcará
Dá seu grito
Prá assustar o cabrito
Que esta em meio as ovelhas
E ao sair na carrera
Ser fisgado pelo bico
Carcará quem não conhece
É a águia do Nordeste
Valente qui nem a peste
E quando mira a sua prêsa
Por mais alto que'ele esteja
Desce de lá qual foguête
Nas garras segura cobras
Seu cardápio predileto
Vivente que estiver perto
Quando o ouve se arrepia
INSTANTE
Cada instante é único
Num momento ser lamento
No outro ser euforia
Num ser desolação
No outro so alegria
N'um tá no fundo do poço
No outro ser só simpatia
É assim que é a vida
Tal qual uma roda gira
Em circulos circulando
Nessa eterna magia
Transforma a vida de quem
O encontra em um instante
Nos jardins dos corações
Das flores é a mais bela
Nos bosques da ilusão
Das árvores a mais singela
Magia inexplicável
No estudo da razão
Um vírus que não tem cura
Quando invade um coração
Qual a fúria de um vulcão
Queima o peito dói na alma
Mas o melhor lenitivo
Se correspondido acalma
Não tem sabor mas parece
Ser fruto de puro mel
Um sentimento tão nobre
Bênção descida do Céu
INDECIFRÁVEL MAGIA
Sonhar revigora a alma
Nos conduz a fantasias
Do passado e do futuro
Indescifravel magia
Mantém uma chama acêsa
Faz almejar belos dias
PAZ NO PORVIR
Qual o aroma da rosa
Qual o brilho do rubí
Qual a beleza dos mares
Qual esplendor do marfim
Assim é a esperança
Que' haverá paz no porvir
SONHO ALADO
Quando a Lua cobre os montes
Com seu manto prateado
Sinto o perfume dela
Como estando do meu lado
De repente acordo e vejo
Que foi só um sonho alado
Sonho de um tempo longíncuo
Quando ainda acreditava
Que'amor não fosse abstrato
Mas tarde então percebí
O quanto estava enganado
LUZ
Luz no clarão da Lua
No piscar do pirilampo
Numa estrela que brilha
No olhar de uma criança
Reacende a esperança
De um mundo de magia
Luz no rair do Sol
No nascer de um novo dia
Na calda de um comêta
Na poeira que irradia
No lelãmpago que anuncia
Chuva em pleno verão
Luz alimento da alma
Que acende a lamparina
Luz do sonho da menina
De um cavaleiro alado
Do homem de lá do sertão
De florir seu roçado
A PALAVRA
A palavra é tão rebelde
Qual um rio a se'espalhar
Depois de ser proferida
Ninguém a faz recuar
Tal qual as águas do rio
Que vão desaguar no mar
Palavra quando sensata
Tende a ser bem entendida
Mas qiando é maldizente
Causa transtornos na vida
Qual o golpe de punhal
As vezes abre feridas
SÓ LEMBRANÇAS
Do sorriso franco
Do olhar qual flexa
Do andar faceiro
Do falar suave
Do perfume raro
Do jeito menina
Do corpo mulher
Do tempo de'outrora
Dos sonhos sonhados
Do passado longe
Das moites de festa
Dos domingo à tarde
Dos parques dos bares
Daqueles lugares...
RESPIRAR BEM LENTO
Navegar sem lemes
Respirar bem lento
Relembra o tempo
Que existiam sonhos
Voar sem ter asas
Ir além das nuvens
Sentir-se bem longe
Sem sair de casa