[Mensagem a galope]
Agora, eu sou portador de nada;
nos alforjes atados ao arreio,
eu trago nenhuma mensagem,
nenhum pedaço de esperança.
O tempo é detectável nos fiapos embranquecidos
da carcaça do animal que morreu à beira d'água...
Eu passei, eu vi, e parei o cavalo:
a minha voz sumiu na garganta!
A mensagem que eu tinha era vaidosa até,
mas, ali mesmo, à beira d'água,
futilizou-se, perdeu-se diante da agitação
daqueles fiapos lavados das tilangas da carne,
e dos restos dos tendões do animal caído.
Lição que eu me dei?!
Nenhuma; eu sou rude mesmo!
Ou até nem sou... Ou será que eu sou sublime?!
Envio esta mensagem no galope
do pensamento para que se perca,
para que o vento a leve ao nada,
a nenhum destinatário chegue...
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[Desterro, 10 de março de 2013, às 23:09]