Dos livros: Divagando e Versos & Reversos parte 1

PÁSSARO ERRANTE

Quem sou eu?

Real ou fictício?

Quis ser e não sou

E o tempo passou

Quis ser tudo

E não sou nada

Um caminheiro nessa estrada

E nesse labirinto me perdi

O que restou?

Um ser opaco sem cor

Sem dote sem emoção

Distante presença

Um tanto ausente

Um multicolorido em branco e preto

Um pássaro errante

SOB MARQUISES

Frio intenso chuva fina

Sob as marquises

Meninos e meninas

Percebe-se em seus olhares

Que ninguém

Os quis alimentar

Noite adentro

Névoa densa se acentua

E poucos veem

Quem pernoita pelas ruas

Indefesos

Talvez nem adormeçam

E assim

Ultrapassam madrugadas

Certamente

Suas almas congeladas

Que fizeram

Pra tantos tormentos

Mereçam.

TEUS OLHOS

Se é que os olhos falam

Os meus

Teus olhos reclamam

Se são espelhos da alma

Mantém acesa essa chama

Me iludiram de um jeito

Que senti

O peito em chamas

O coração apertado

Sinto toda vez que vejo

Teus olhos fitando os meus

Fico atônito de desejo

De envolver-te

Em meus braços

E sufocar-te num beijo

Insano, sei não devia

Pois há muito

Já não sinto

Vontade de enveredar

De novo

Em tais labirintos

Pois já padeci o bastante

Se disser que aprendi

Não é verdade

Te minto.

RELEMBRANDO O TEMPO

Meu olhar vagueia

Qual nuvem que passa

A visão embaça

Nessa imensidão

Relembrando o tempo

Que sonhava tanto

Vi q'era utopia

Tudo foi em vão

OLVIDAR DE TUDO

Esquecer os sonhos

Deletar o ego

Pois não mais me apego

A coisas banais

Olvidar de tudo

Que sonhei um dia

Era só magia

Que ficou pra trás.

INSTANTE APENAS

Olhar distante

Nessa foto dela

Que guardei comigo

Me faz refletir

Que fraqueza a minha

Não ter atitude

Por motivo bobo

Deixa-la partir

SOB O SOL AO MEIO DIA

Qual uma nuvem que passa

Qual o vento a soprar

Qual o sol do meio dia

Qual a cigarra a cantar

Assim fulgura-me na mente

O pensamento a vagar

Qual a beleza da relva

Ao amanhecer do dia

Qual o perfume da rosa

Que o aroma acaricia

Tal qual massageia o ego

A lembrança de Maria

Qual a graciosidade

De um beija-flor em pleno ar

Qual borboletas que pousam

Nas flores deste pomar

Assim é o seu sorriso

E o brilho no seu olhar

Qual o relevo da água

Azul nas ondas do mar

Qual cintilar de estrelas

No horizonte a brilhar

Assim a paz de espírito

Quando se consegue amar

Qual a neve nas colinas

Qual os campos verdejantes

Qual aurora boreal

Eternizada num instante

Assim borbulha a paixão

Nos corações dos amantes

Qual o sereno da noite

Qual o frio ao relento

Qual as cinzas de um vulcão

Qual um cantor sem talento

Assim é a solidão

Na vida grande tormento.

CHUVA E SOL

Vem a chuva

E se esparrama sobre a Terra

Vem o Sol

E aquece a semente

Uma e outro

São essenciais

Para que haja

Fartura à tanta gente

Sem que houvesse

Uma ou Outro

Todos sabem

Que na Terra

A vida era impossível

Mas que Deus

Em Sua Onisciência

Sabe disso

E Controla os seus níveis

Como é belo

De ver os campos verdejantes

Quando caem

As primeiras trovoadas

Vislumbrar

A majestosa Natureza

Sentir o aroma

Da relva molhada.

TEMPO

Tempo: cruel e implacável

Além de nos subtrair sonhos

Acha pouco

E impõe t i r a n a m e n t e

Desatino imperdoável

Mexe com a vida da gente

E o silêncio da noite

Qual inospidos pomares

Trás de volta a nossa mente

Coisas, pessoas, lugares

Refrões de tantos cantares

Que atormentam pertinentes

VIDAS VAZIAS

Olhei pro Céu e vi estrelas

A noite, extremamente fria

Vi corujas esvoaçando sorrateiras

Quem sabe, enunciando tantas vidas vazias

Passei há pouco pelo centro da cidade

Quanta maldade, ao relento vi crianças

Pernoitando pelos cantos das paredes

Não vi nelas nenhum fio de esperança

A neblina ofuscava o horizonte

Por um instante, divaguei em pensamento

Me indagando por que tal realidade

Como alguém pode, suportar tanto tormento.

MEMÓRIA

Encontrei por acaso seu perfil

Seu sorriso como dantes radiante

No olhar o vigor primaveril

Com o viço inerente dos amantes

Te confesso no tempo viajei

Relembrei dos momentos a teu lado

Como é triste essa tal realidade

De não mais reviver nosso passado

Inda lembro na escola te levava

No portão ficávamos a conversar

Quantos planos fazíamos sem saber

Que o destino fosse nos separar

Quando então era festa do Padroeiro

Te esperava na porta da igreja

Como é doce relembrar o amor primeiro

Ser eterno imaginamos ser certeza

Que saudade das tardes na lagoa

De barquinho a gente passeava

Quando perto passava uma canoa

Lembro, ao vento teu cabelo esvoaçava

Quando o Sol, se escondia atrás dos montes

Vinha a brisa com o aroma da floresta

E a Lua a surgir no Horizonte

E a passarada a cantar fazia festa

Hoje só me restou recordação

Das façanhas dos tempos de outrora

Dói na alma essa desilusão

Enrizada num cantinho da memória

TÃO SOMENTE

Basta está acordado pra lembrar-te

Se dormindo minha alma não te esquece

Desde sempre que vivo a amar-te

A lembrar do carinho que me deste

O que fizeste comigo inconsciente

Me recordo desde o tempo de menino

Acho que a ti amei somente

Deve ser capricho do destino

Fico noites e noites acordado

Minhas horas parece intermináveis

Fecho os olhos pra ver se adormeço

Mas te vejo sorrindo do meu lado

M U LT FACETÁRIO

Real ou fictício

Ilusório ou ilusão

Perdido no espaço

Conciso e embaraço

Nem um pouco escaço

Um ser multi f a c e t a r i o

LEGADO

Pela ética Justiça seja feita

Pelo probo vigiar é necessário

Pela Pátria muitos deram suas vidas

Pelo povo deixaram seus legados.

ESTRELA CADENTE

Estrela cadente

Move-se ligeira

E eu de bobeira

Miro-a ao passar

Quem me dera esta

La pertinho dela

Daqui da janela

Fico imaginando

E mera quimera

Pensar ir tão alto

A não ser no ato

De devanear

TÉDIO

Espaço vazio

Brisa

Sopra suave

Bacurau

Canta distante

Viajo

Que devaneio

Queria

Encontrar um meio

De reviver

Tais instantes

TRADUZIR-SE

Fitar-te os olhos

É ver-te a alma

É esquecer a amargura

Ao receber tanta ternura

Em meio à fúria

Sentir calma

É encantar-se

É seduzir-se

É traduzir-se

Em emoção

É divagar

Além fronteiras

É esquecer-se

Que há razão

Ouvir tua voz

Meiga e suave

Enveredar

No teu encanto

Dos pássaros

Mais belo canto

INEBRIAR-SE

Estreita os laços

Entre nós

É desejar

Ser desejado

É se envolver

Sem perceber

Inebriar-se

Num querer

Estremecer

Ao te abraçar

E no calor

De tal loucura

Perder o senso

A lucidez

Imaginar-se

Que talvez

Desfrute um dia

Teu sabor

Do campo

A mais bela flor

O n e c t a

Pra fazer o mel

É qual

Se merecesse o céu

Se conquistasse

O teu amor.

ME BASTA

Ter-te em meus sonhos

No grande Palco da vida

Na peça que planejei

Principal foi o papel

Que para ti reservei

Recusaste

Pouco importa

Não baterei tua porta

Ter-te em meus sonhos

Me basta.

FUJO DE TI

Fujo de ti contrariando um sentimento

Confesso que não te esqueço um só memento

Mas saiba que, é o melhor para nós dois

Fujo de ti

Não vale apena dá vazão a tal loucura

Que adianta investi numa aventura

Sabendo que problemas virão depois

Fujo de ti

Não sei por que fui me envolver dessa maneira

Confesso que comecei de brincadeira

Mas com o tempo seu jeito me enfeitiçou

Fujo de ti

Mas saiba que de coração arrebentado

O que eu queria era está sempre do teu lado

E desfrutar da magia desse amor

PLANTINHA

Se numa planta não vês

Nada de belo que seja

Precisas urgentemente

Consultar um oculista

Pois são teus olhos

Que estão

Desprovidos da razão

QUIMERAS

Tento olvidar dissabores

Não relembrar dos meus ais

Dos caminhos percorridos

Dos insucessos das queixas

A realidade não deixa

Sinto que sou incapaz

Quimeras mil tão somente

Magias de um sonhador

Que ousou fantasiar

Acreditar que havia

Possibilidade de se ser

Feliz no amor um dia.

FASCÍNIO

Fascina-me esse semblante

Mistérios no olhar dela

De um sorriso estonteante

De pele cor de canela

Indago-me quantos amantes

Sonham em está com ela

Quem dera poder um dia

Mesmo que' em sonho encontrá-la

Desfrutar dessa magia

Poder acariciá-la

Dizer do meu sentimento

Quem sabe poder amá-la

PENSAMENTO INSANO

Meu corpo estremece

Ao te vê passar

Arde de desejo

Quer te abraçar

Sentimento insano

Que me invade a alma

Quase perco a calma

Sedento de amor

Sonho com teu beijo

Deleito sozinho

Ter o teu carinho

Quiçá teu amor

Coração em chama

Quer pular do peito

Sei não tem mais jeito

Quero teu amor!

VEREDAS DA PAIXÃO

Pensando em ti

Eu me vejo a cada instante

Nesse campo

Quem manda é o coração.

Refugio-me

No abismo dos amantes

Precipício

Tormento desespero.

Fico noites

Inteiras acordado

Percorrendo

A vereda da afazia.

Quando quase

Já amanhece o dia

Adormeço

E te sinto do meu lado.

Obedeço

O comando desse impulso

E depressa

Seguro tua mão.

Era um sonho

E na vereda da paixão

Canta um pássaro

Amanheceu o dia

MIRAGEM

Quando a vejo mesmo ao longe

Meu corpo se aquece qual vulcão

Não sei se isso é amor

Ou se apenas paixão

Só sei que me basta vê-la

Pra olvidar solidão

Imagino se pudesse

Envolve-la num abraço

Seio que me sentiria

Flutuando no espaço

Não sei dizer se é sandice

Ou se alucinação

Só sei que me basta vê-la

Pra'aquecer meu coração

Com ela sonho acordado

Qual miragem a vejo sempre

Olhar certeiro qual flecha

Impregnou minha mente

Sei que jamais a terei

Pois sei que enveredei

Por um caminho sem volta

Quando fui abri a porta

Para um sonho inconsequente

ÉBANO

Olhos negros qual o ébano

Profundos meigos distantes

Sobrancelhas desenhadas

Cabelos esvoaçantes

Lábios grossos e carnudos

Inspiração dos amantes

Revirei-me do avesso

Quando a vi naquele instante

Quase me faltou o ar

Senti-me a flutuar

Divaguei transpus fronteira

Pois passei a vida inteira

Esperando aquele instante

Mas como diz o ditado

Tudo que é bom dura pouco

De repente acordei

Foi quando conta me dei

Que era apenas um sonho

FLUTUANDO NO ESPAÇO

Não sei dizer se é sandice

Ou se alucinação

Só sei que me basta vê-la

Pra' aquecer meu coração

Com ela sonho acordado

Qual miragem a vejo sempre

Olhar certeiro qual flecha

Impregnou minha mente

Sei que jamais a terei

Pois sei que enveredei

Por um caminho sem volta

Quando fui abri a porta

Para um sonho inconsequente.

DOCE CANDURA

Você chegou como um raio de sol

Assim meio que de repente

Descortinando uma nuvem densa

Que pairava sobre minha mente

Como sendo fruto do acaso

Surgindo do nada

O nada não existe

Afugentou o meu viver tão triste

Estava eu

Ha tanto tão recluso

Envolto em tédio

Sem um horizonte

Seu jeito meigo

Terno transparente

Um anjo bom

Clareou-me a mente

Oh doce fada

Candura magia

Ter-te comigo

É o que eu mais queria

Mas consciente

Do nada que sou

Guardo no peito

Esse insano amor!

MIRAGEM II

Olhei pro alto

Mirei uma nuvem

Nela refletida

Vi a tua imagem

Sorriso belo

Estavas nua

Olhei novamente

Era só miragem.

RETÓRICA

Me perdi n'um labirinto de incertezas

Divaguei perambulei me penitenciei

Por algo que nunca existiu

E num lampejo derradeiro me dei conta

De que foi tudo em vão

De tanto te querer

Perdi a lógica

Perdi o senso

Na retórica

Do tempo perdido

Solidão.