Um Rio de Janeiro

Arcos, elipses, mapa em bronze

luzes e cores,

baía onde se aportam mercadorias;

O trabalhador suado

organiza as caixas...

As casas do morro ao fundo

outras tantas caixas

que guardam singelas pessoas

vestidas em roupas desenhadas a lápis e giz.

Trabalhador,

Pó – limalha de ferro

Face suja de carvão,

que pela gota de seu trabalho

sua e anseia

A praia,

Baía-Guanabara:

Onde um Tupinamba com seu colar de perolas

traga a água em seu trono afogado

Baía de águas turvas e cavalo marinho

Onde prostrada Iemanjá

ajoelha em rubis e reza

pela Santa favela

Lá um barão

esquecido em pó na caixa de tempo

toma chá e decora enciclopédias

e lê sobre religiões

Escravos ,saia vermelha

Pomba-Oxossi-Ogum

engomada em linho lã

veste Jesus Nazareno

pai de toda Orla

asfalto – meio-fio – barro

e macumba...

Velas que iluminam a noite,

Barcos postergados no breu

Lagoa serena...

No morro das janelas acesas.

que Abertas para o mar brilham como estrelas

tais estrelas, contorno do morro amar

em marrom cinza, que curvilínea o horizonte escuro

As pedras,

...onde Tupis- Iapoques

Se enredavam colhendo pêssegos...

Lizas ao Sol do meio-dia

Entrelaçando calor aos que passam acotovelados

Nos montes de ônibus

Cristo Monte que de braços abertos

Ri e chora,

Barcos esparsos, Botafogo

Embriagado de Sal-mar

E aquele trabalhador com seu rosto

Rema seus sonhos de ser-Rio

Tambor mameluco cafuzo

Que Nos fins de semana entoa seu pagode

ao redor das Orlas perfumadas de Romã e maresia

...Limão açúcar e cachaça

Pão , feijão...e álcool das canas embaçadas..

No corte de Jornal

as fotos e letras que desenham

o mapa – Crime Lírico: de trabalhar!

Colher moamba como oferenda

Cuscus do almoço - feijão seco no prato

O fim de semana daquele que labutou

No paraíso de formas sem foco

Os Joelhos verdes do Gigante deitado

De uma cidade que alumia e oferece

Seu amor a Iemanjá, Iorubas, Tupis, Oxossi e Jesus;

Rio que é lago e mar

Rio que pontua o mundo

Como única fonte – arquitetura de ouro

Um abraço com carinho

Uma nota de tambor e salada de frutas

De meu pedaço de coração

Meu chão

Nosso Rio.

Denis Acorinte
Enviado por Denis Acorinte em 10/03/2013
Reeditado em 09/07/2013
Código do texto: T4182020
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