INTIMIDADE

Toco, delicadamente, com o nariz,
tua face.
E descubro a distância que há
entre nossos afetos.
Te encontro no cheiro a mulher.

Nada em nós sabe o que já fiz.
Quem passasse
na estrada do tempo, ela, que dá
nas esquinas, nos guetos,
saberia o que te serei, se puder.

No encontro, minha boca, de leve,
toca teus lábios feito umidades.
Suspiras, olhos fechados.
Teu hálito é alento, é brisa.

O passado, hoje, há de ser breve,
um resquício de inutilidades,
sem arquivos, ausência de dados.
Uma memória, no mínimo, imprecisa.

Meus dedos tocarão teu seio.
Minha presença tocará teu agora.
Nossos corpos flutuarão no meio
que há entre ficar e ir embora.


Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 10/03/2013
Reeditado em 11/03/2013
Código do texto: T4181982
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