II
Na estrada de sombras
rindo da própria dor
cantando para os cadáveres
que cantaram para o amor.
Sem crenças onde se esconder
ou medos para culpar
sem casos para perder
ou dores para curar.
No claro de qualquer dia
em um mundo de solidão
olhando para faces
de lindas máquinas sem coração.
O sangue arde no corpo
a pulsacao entrega o estado
o corpo mostra a vida
do espírito há muito enterrado.
O grito de desespero
já não pode despertar
e a tristeza das palavras
não é capaz de machucar.
Se o escuro de um cano
lhe troxesse a luz sublime
o silêncio louvaria
a inocência de seu crime.
A tristeza de um coral
de toda a agonia da Terra
e que ainda consegue crer
que a paz pode ser eterna.
Mais uma manhã desistiu
e a noite veio aplaudir
a conformada lágrima
que não hesita em cair.
E segue a vida morta
com a certeza de chegar
o dia que vira sonho
de dormir sem respirar.