II

Na estrada de sombras

rindo da própria dor

cantando para os cadáveres

que cantaram para o amor.

Sem crenças onde se esconder

ou medos para culpar

sem casos para perder

ou dores para curar.

No claro de qualquer dia

em um mundo de solidão

olhando para faces

de lindas máquinas sem coração.

O sangue arde no corpo

a pulsacao entrega o estado

o corpo mostra a vida

do espírito há muito enterrado.

O grito de desespero

já não pode despertar

e a tristeza das palavras

não é capaz de machucar.

Se o escuro de um cano

lhe troxesse a luz sublime

o silêncio louvaria

a inocência de seu crime.

A tristeza de um coral

de toda a agonia da Terra

e que ainda consegue crer

que a paz pode ser eterna.

Mais uma manhã desistiu

e a noite veio aplaudir

a conformada lágrima

que não hesita em cair.

E segue a vida morta

com a certeza de chegar

o dia que vira sonho

de dormir sem respirar.

Gabi Lopes
Enviado por Gabi Lopes em 10/03/2013
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