DIA DA MULHER
®Lílian Maial
Um dia me disseram para me guardar para o amor,
para não ser usada por uns e deixada sozinha.
O que tem de mais, se a vida é minha?
Mulher tem que impor respeito,
mulher é família,
tem que ser comportada,
sentar de perna fechada,
não falar palavrão,
senão o amor não chega.
E o que faço com essa cachoeira?
Estuda, minha filha, mas não disputa,
que homem não gosta.
Mas e o que eu gosto?
Não toma a iniciativa,
espera que ele a toque.
Mas eu me toco melhor e aí?
Cresci tendo o amor como objetivo,
o futuro no casamento,
que seria a rainha do lar,
feliz para sempre.
Tinha cólicas,
O médico dizia que casando passaria.
Não passou.
A família é o solo sagrado.
A igreja é a coroação.
E as saídas disfarçadas?
Faz vista grossa.
Ora, não sou caolha!
Não sou boneca, não sou coisa,
sou o que quiser
(até boneca ou coisa)
e não tenho que dar satisfação
a quem não me satisfaz.
Não quero vingança,
quero justiça!
Direitos iguais:
beber, fumar, coçar,
escolher a hora, escolher com quem,
gemer, comer, trepar e dizer não.
Abrir a boca sem recriminação.
Quero acender meu cigarro,
ter meu próprio câncer de pulmão,
acender seu fogo
e transar no chão.
Escolher parir ou não.
Se sou melhor ou não,
não me interessa.
Não existe príncipe encantado,
nem sou nenhuma Cinderela.
Se visto meu corpo de panos,
a alma, em traje de gala.
Por isso, não se atrevam a me erguer
a voz ou a mão,
nem silenciar meu verbo.
Eu grito, eu calo,
Me pinto e bordo,
mas sou meu único senhor,
sou o que quis!
Não quero rosa, nem margarida,
tantos espinhos, não!
Não quero um dia pra ser cegada.
Quero uma vida pra ser livre e ser feliz.
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®Lílian Maial
Um dia me disseram para me guardar para o amor,
para não ser usada por uns e deixada sozinha.
O que tem de mais, se a vida é minha?
Mulher tem que impor respeito,
mulher é família,
tem que ser comportada,
sentar de perna fechada,
não falar palavrão,
senão o amor não chega.
E o que faço com essa cachoeira?
Estuda, minha filha, mas não disputa,
que homem não gosta.
Mas e o que eu gosto?
Não toma a iniciativa,
espera que ele a toque.
Mas eu me toco melhor e aí?
Cresci tendo o amor como objetivo,
o futuro no casamento,
que seria a rainha do lar,
feliz para sempre.
Tinha cólicas,
O médico dizia que casando passaria.
Não passou.
A família é o solo sagrado.
A igreja é a coroação.
E as saídas disfarçadas?
Faz vista grossa.
Ora, não sou caolha!
Não sou boneca, não sou coisa,
sou o que quiser
(até boneca ou coisa)
e não tenho que dar satisfação
a quem não me satisfaz.
Não quero vingança,
quero justiça!
Direitos iguais:
beber, fumar, coçar,
escolher a hora, escolher com quem,
gemer, comer, trepar e dizer não.
Abrir a boca sem recriminação.
Quero acender meu cigarro,
ter meu próprio câncer de pulmão,
acender seu fogo
e transar no chão.
Escolher parir ou não.
Se sou melhor ou não,
não me interessa.
Não existe príncipe encantado,
nem sou nenhuma Cinderela.
Se visto meu corpo de panos,
a alma, em traje de gala.
Por isso, não se atrevam a me erguer
a voz ou a mão,
nem silenciar meu verbo.
Eu grito, eu calo,
Me pinto e bordo,
mas sou meu único senhor,
sou o que quis!
Não quero rosa, nem margarida,
tantos espinhos, não!
Não quero um dia pra ser cegada.
Quero uma vida pra ser livre e ser feliz.
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