A PIPA E A SECA
A seriema cantou triste lá no brejo.
Buscava água, a pobre.
Não achou.
Veio o boi, enxergou o capim seco do vale
e mugiu.
Mugiu mais alto e foi embora...
No céu, de azul intenso,
nada de nuvens
dando a certeza de que a chuva
estava longe de cair...
Mas o azul do céu era quebrado
pelo colorido de uma pipa
que o menino empinava.
Empinava alegre, sem saber
do canto triste da seriema
ou do mugido faminto do boi.
Para ele o universo era feito
da alegria daquela pipa, lá no alto
livremente a se balançar
pelo infinito dos céus!