Esperanças que cintilam...
Cansei de sentir esse tanto amor,
Sol de inverno, ilusão que não cansa;
Flor tão tenaz e bela como uma flor
Do deserto, sem traço verde de esperança.
Das vozes que ouvi, na voz do vento,
Nenhuma me sussurrou em doce alento!
Só queria o máximo da vida poder sugar!
E se é princípio por todos aceito
Que todos têm o direito de amar,
Eu simplesmente exerci esse direito.
Mas, exerci-o sobre outros corações, querendo
Encontrar o que no meu já estava morrendo.
Coração-menino, construí e naveguei, de capitão,
Com meus barquinhos de papel, os meus amores,
Pelas minhas águas mansas da ilusão,
Mas depois revoltas em vendavais de desamores.
E os barquinhos retorcidos e murchos hoje vão
Tristemente levados pela correnteza da desilusão.
Choveu a minha vida, e num céu,
De uma noite sem lua e sem estrelas,
Vaga a minha alma de sonhos ao léu...
Mas cintilam esperanças e eu posso vê-las
No meu encanto que por ti persiste,
Abrindo um sol no meu coração triste!