SUORES NOTURNOS
Desejei um poema sem título,
anônimo como os pardos
na madrugada.
No verso, breve qual orgasmo,
um seio me dizendo amém,
o outro sem ir além.
Terror dos suores noturnos,
quis apenas o anônimo poema.
(a mão atrevida arde na luva,
enquanto sininhos nervosos
pulsam dentro de nós)
Sem pedir-te nada, quis
a nudez do verso.
Apenas, a duras penas,
a canoa bravia sobre o travesseiro.
Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 43.