Cerco Quebrado
Escondido entre torres, favelas e montes
Castelos, segredos, em fúlgidas fontes
Do pensamento mortiço, dos que o rodeavam
Cresceu Àvilla alheio ao externo.
Solitário eremita em pensamentos, perdido.
Morador doutro mundo, e do nosso esquecido
Incansável e constante, como um brilho eterno.
Entre homens cresce, fala trôpa que o desafia
Em seus desejos internos quase nada se ouvia
Abstratas respostas aos que o perguntavam
Zombado e temido, pois era estranho
Um menino que não sabia se era perda ou ganho
Viver em um mundo que para ele criaram
Datava sua passagem em mil novecentos e trinta
Uma época desprovida de tela e de tinta
Para os artistas de uma vila que nunca iriam nascer
O que se via eram :abrigos como frias catacumbas
Habitadas por criaturas que tropeçavam moribundas
Entre móveis velhos nas moradas do “não ser “
Àvilla intrigado percebeu: não o são forçados
O que teria pouco além, que escondiam-se assombrados?
Sua mente preservada pela falta de contato com os seus
Talvez foi quem fez com que Àvilla navegasse outros mares
Distante de medos, superstições aliadas com seus males
E não entender a covardia, seus irmãos e o seu deus
Queria muito mais, antes que seu tempo terminasse
Saber de si. aonde daria o rio?Onde ele nasce?
Abundante desejo em uma orbitante massa ideológica
Decifrar enigmas, sonhos, símbolos que muitos negam
Entender o que é o amor, o deus que muitos pregam
O que é mito, o que se aproveitar em estórias antológicas
Cansou. E no íntimo sabia que o por do sol do dia seguinte
Seria vislumbrado ao longe, por um humilde pedinte
Pronto para ser engolido pelo novo mundo que o cercava.